Gárgulas, ITIL e a Pink Elephant

Assim como a Igreja Cristã usava gárgulas e santos para atrair os povos pagãos para seu domí­nio, a Pink Elephant atrai profissionais de TI para o ITIL com método similar.

Como assim?

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No passado, os povos pagãos – politeí­stas que acreditavam em vários deuses – foram atraí­dos para o cristianismo através de uma estrategia muito esperta da Igreja.

Para trazê-los para dentro de seus domí­nios, a entidade criou figuras (como gárgulas e santos) que substituí­am antigos deuses, costelações do zodí­aco e animais (lembre-se da importância dos gatos no Antigo Egito).

Você já deve ter assistido filme de gregos, romanos etc. Cada sujeito escolhia o seu deus preferido, acendia velas para ele, realizava oferendas etc.

Assim, a Igreja criou santos que pudessem ocupar o lugar destas divindades pagãs nas preces dos povos idólatras.

Dessa maneira, o sujeito continuava fazendo o que sempre fez e gradualmente ia migrando para o monoteí­smo, já dentro do alcance dos padres, bispos, jesuí­tas etc.

Veja essa lista https://www.estudosdabiblia.net/a17_5.htm

Não é curioso como uma religião monoteí­sta permitiu que brotasse culto a várias outras pseudo-quase-divindidades além do próprio Deus? Bem, agora você já conhece uma das origens..

saojorgeTem santo que protege os viajantes (São Cristóvão). Os policiais (São Miguel). Os atletas (São Sebastião). Tem santo que cuida de causas urgentes, Santo Expedito. São Francisco? Cuida da ecologia. Santo Antônio, arruma casamento.

Tem santa que é muito popular no momento:

Santa Edwiges, padroeira dos endividados.

Ah, os gárgulas?

Eram figuras que, entre outras explicações, simulavam os animais para quem também os povos pagãos acendiam suas velas, torciam por uma intervenção etc.

Pra colaborar no entendimento dessa ideia recordo uma circunstância que presenciei na sinagoga:

O rabino realizava a leitura do texto litúrgico. No fundo do salão, crianças corriam e brincavam. E claro, gritavam. Um pessoa entre os bancos virou para trás e pediu que a meninada fizesse silêncio. O rabino interveio e disse:

Deixe. Enquanto estiverem sob nossos olhos é melhor do que lá fora.

Capisce?

E o ITIL, Cohen? E a Pink?

A versão 3 do ITIL chegou para atualizar a biblioteca com novas e melhores práticas.

Mas também para dar um enfoque aos leitores e praticantes sobre o que é mais importante:

O serviço que é prestado ao usuário e cliente

Excerto do texto do Gary que você poderá fazer download mais adiante:

ITII V3 has a much stronger focus on business results and thinking in terms of services and not just processes. Because of this major shift from a process-centric view to a Service Lifecycle view, the refresh became more of a rewrite.

Muitas vezes, na organização do ambiente para prestar suporte ao negócio da empresa, os profissionais perdem a noção do todo e preocupam-se muito mais com backup, infra-estrutura etc. do que o objetivo fim de seu trabalho. Ou seja, se envolvem com os processos e esquecem os serviços prestados.

Peter Drucker já dizia:

É o consumidor quem determina o que é uma empresa. É somente a vontade do consumidor de pagar por um bem ou serviço que converte os recursos econômicos em riquezas e os objetos em bens. O queo consumidor comprar e considera como valor nunca é um proudot. É sempre uma utilidade, isto é, algo que o produto faz para ele.

druk-100-p(Aliás, este ano comemoraria-se o centenário de Drucker, caso estivesse vivo)

Significa o quê?

Não adianta bolar milhões de diagramas, processos e fluxos se o resultado final é algo que o cliente não deseja. Ou é o que se quer  “empurrar” a ele.

Então, mais do que nunca (uau!), é importante:

  1. Pensar no serviço que o cliente deseja
  2. Examinar internamente como faremos para chegar a tal resultado

Cohen, e o ITIL? A Pink?

Orra, puxa! Como você é ansioso, hein?!

Dia desses recebi um  pela lista do ITSMF enviado por um representante da Pink. O tí­tulo do texto é:

“ITIL V3: Where to start & how to achieve quick wins” que, em português significa “ITIL V3 – onde começar e alcançar rápidas vitórias”.

pinkAliás, presumo que o texto seja de divulgação pública, pois foi distribuí­do numa lista igualmente pública. Se você desejar, clique aqui e baixe as 7 folhas de orientação.

O texto é muito bom.

E concordo plenamente com ele.

Mas..

Rá-rá, tal como a igreja, ele usa aquilo que NÃO SE QUER para conseguir atrair os iniciantes.

O que não se quer?

Na igreja, que existam múltiplos deuses. Para isso, foram criadas figuras como santos e gárgulas para seduzir os pagãos a ingressarem em nossas hostes. E depois, catequizar a turma.

O texto da Pink, por analogia, não é diferente.

Quer que o pessoal pare de pensar em processos e passe a pensar em serviços.

E usa qual método?

Implantar um gerenciamento de incidentes, um catálogo de serviços etc. (que são processos) para alcançar vitórias rápidas. E depois que o profissional estiver no clima do ITIL, então pode alargar seu conhecimento, seguir a catequese e ir adiante.

Antes que as pedras chovam: não sou contra catequese.

Nem da igreja, nem do ITIL.

As pessoas escolhem seus caminhos. São livres para isso.

E ambos os caminhos acima são positivos.

Mas de alguma maneira me recordei de um pensador do passado que levou muito ferro por uma frase que, de alguma maneira, descreve o que acabei de refletir:

maquiavel

Os meios justificam os fins.

Grande Nicolau. Maquiavel.

É minha opinião 😉

Abraços,

El Cohen

4 comentários em “Gárgulas, ITIL e a Pink Elephant”

  1. Grande Roberto: não entendo nada de ITIL, mas entendo de textos. E esse teu está excelente! Bem estruturado, bem argumentado, com uma sequência lógica que conduz o leitor com segurança. E com humor e irreverência. Parabéns!

    Grande abraço.

  2. É inevitável que seja “apedrejado” quem queira pensar diferente da “maioria” ou dos formadores do movimento.
    Veja: “Deixe. Enquanto estiverem sob nossos olhos é melhor do que lá fora.”
    Mas, ainda dentro do contexto você não seria um herege com segundas intenções? ahiuahaihiua
     
    Sucesso 😉

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