Sua empresa é roubada toda semana

Bilhões são perdidos diariamente por que os colaboradores não preenchem adequadamente a planilha de tempo

HBR logoPasseando por esse imenso jardim sem-fim de ideias que é a internet, deparei-me com um artigo de Gretchen Gavett no site da Harvard Business Review.

Seu tí­tulo: Workers Are Bad at Filling Out Timesheets, and It Costs Billions a Day. A imagem que ilustra o artigo é sensacional e dá noção do que acontece:

perda de água

Esses dias eu levei uma dura — em off — de um leitor que comentava que eu escrevia artigos sempre me amparando nalgum outro que li na internet. Se isso não seria, de certa maneira, plágio (apresentação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrem) ou se não estaria me utilizando de muletas (sentido figurado), apoiando-me em argumentos alheios.

Eu contestei, pois quem teve ensino básico conhece bem a Lei de Lavoisier:

Na natureza, nada se cria e nada se perde, tudo se transforma.

Qualquer texto que a gente venha a escrever é embasado em ideias anteriores sobre as quais refletimos. Exemplo: se sou politicamente de esquerda, é por que já li autores, conversei e debati com gente, etc. que me fizeram pensar dessa maneira. Se for escrever um romance, as ideias surgem de experiências anteriores de leitura ou vida. Até mesmo os nomes dos personagens!

monster smileAssim, acho bem mais fácil (e honesto) registrar o autor do artigo original e debater suas ideias, incrementando com meu tom volta e meia irônico, mordaz e contextualizado para o ambiente brasileiro. Aliás, é assim que se faz ciência. Um médico analisa artigos de um congresso e resolve investir numa linha. Um fí­sico se ampara em experimentos anteriores e vai adiante, modificando uma ou outra variável no seu ensaio para ver se consegue resultados diferentes.

OK, esclarecido esse tópico, vamos ao debate.

Por que a planilha de tempo é importante

moneyPrimeiro e mais óbvio, para cobrar os clientes por serviços realizados. Quando trabalhei como programador na Procempa (na época usava uma cabeleira que vinha até os ombros), tí­nhamos que preencher um formulário chato diariamente e informar em quais projetos atuamos naquele dia para que a empresa cobrasse às devidas secretarias municipais as referidas horas.

Se formos reembolsados por hora e o nosso funcionário não registra o tempo despendido, nosso negócio perde dinheiro. Mas não é só dessa forma direta que nossa grana se esvai.

peopleTambém um gestor enfrentará dificuldades de dimensionamento de equipe, pois se no final do mês aparecem apenas “x” horas trabalhadas e ainda tem serviço atrasado, é por que os colaboradores não estão ocupando todo o seu tempo na empresa para fazer aquilo para o que foram contratados: trabalhar. O que na verdade poderia ser um desatino, pois é visí­vel que os colaboradores estão a se esfolar no trabalho.

Motivo? Não registram o tempo consumido. Mas como explicar isso ao CFO (Chief Financial Officer)?

Outros benefí­cios secundários do registro do tempo trabalhado também têm seus méritos, como investigar quem gasta mais horas para realizar uma mesma tarefa que um colega faz na metade do tempo. Treinamento para ele? Como promover melhoria contí­nua se não sabemos onde os tempos são gastos?

Bom, esse novelo não acaba mais se formos puxando essa linha.

Especialmente na área de Service Desk, Help Desk, suporte técnico e Centros de Serviços Compartilhados a atividade de registro é importante, seja pelo Ní­vel 1, Ní­vel 2 e até mesmo pelo desenvolvimento de sistemas.

(Eu tinha um colega na EDISA/HP que durante a sua vida profissional anotava em uma caderneta pessoal o horário de entrada, saí­da para o almoço, retorno e final do expediente. Sempre pensei que um dia isso serviria a ele para entrar na justiça. Mas me confessou que pretendia chegar ao final da vida e ver quanto tempo trabalhou. ?!?!)

Sei de empresas que até bonificam funcionários por trabalharem em chamados que agregam mais valor à empresa. E claro, o gestor estava indignado e me pedindo ajuda por que a fórmula de cálculo da recompensa ficara tão complexa que ninguém entendia mais como funcionava e… Simplesmente desprezavam o registro das horas, hahaha.

Das dificuldades de registrar

Bom, existem vários motivos para que o tempo não seja adequadamente registrado.

Antigamente, quando não existia e-mail (que loucura, existiu esse tempo?), o pessoal processava uma pilha de correspondências. Se fosse uma carta de reclamação, lia, refletia, escrevia a resposta e isso demandava uns 45 minutos que eram então, ao final da tarefa, anotados num papel. Easy.

Com o advento do e-mail, o processo desmoronou. São dezenas deles chegando à caixa postal, as respostas — em geral — levam 5 minutos (no máximo) e… Não há como ficar parando e registrando o tempo consumido para cada um e associando ao respectivo cliente e assim por diante.

Até por que a atividade de assinalar o tempo não condiz com a atividade fim pela qual o funcionário foi contratado, por exemplo. Se o negócio dele é responder reclamações, mande ver.

Apesar da atividade de anotar as horas ser um passo importante para o processo de billing, não é o principal que condiz com o sucesso da empresa. Isso sem falar das mensagens pessoais misturadas com as profissionais.

Lembro até de uma empresa que para aumentar o foco de atenção dos funcionários, mandava todos deixarem seus celulares nos armários da entrada. Isso era para “evitar fotos de assuntos secretos”. Mas quem trabalha em CD (Centros de Distribuição), plataformas de petróleo e outros ambientes de segurança nacional sabe do que escrevo.

Outra circunstância que promove obstáculos às anotações de tempo é exatamente o descrito acima: a exagerada preocupação com o tempo acaba tornando o funcionário mais impaciente. E com isso, gera mais estresse.

Meu genro é advogado e um amigo dele foi trabalhar num grande escritório de advocacia em São Paulo. Ele entrava às 06:00 e saia às 22:00 para ter a maior quantidade de tempo dedicado aos clientes (e esse volume se traduz em faturamento para a banca e chances de promoção para ele).

Cada vez que ia conversar com seu supervisor, o mesmo usava aqueles cronômetros de xadrez na mesa e dava um tapa nele (no cronômetro, no cronômetro) no iní­cio da supervisão. Ao final, outro tapa e mandava o funcionário contabilizar o tempo dele na conta do cliente em questão.

Após alguns meses ele pediu demissão, pois o sistema provocava muito sofrimento e angústia (lendo assim é fácil, ouvi-lo descrever é de se constatar que era demente a situação).

Também existem outros fatores: aquilo que não é cobrado dos clientes acaba não sendo contabilizado ou não merece uma atenção dedicada. Desse jeito, aqueles benefí­cios secundários que citei anteriormente “vão para as cucuias” (bater as botas, mixar — para saber a origem dessa expressão clique aqui).

O artigo supracitado (muy chique essa palavra) apresenta um gráfico sobre a qualidade do registro de tempo e quando ele acontece, o qual tomo a liberdade de reproduzir abaixo citando a fonte:

whenshouldyou

(Explicando: quem registra diariamente, tem maior qualidade na informação)

Qual impacto na vida pessoal do registro periódico do tempo?

Tchê, nem queira saber…

familia alegreUm dos comentários ao final do artigo cita que a pessoa se condiciona a se concentrar mais em fatores econômicos do que na satisfação na vida.

Será um aperfeiçoador de tarefas e de funções (mesmo fora do ambiente de trabalho), mesquinho com o tempo livre, compartimentará seus tempos com filhos, esposa, etc. e tal.

E não “sentirá o perfume das rosas”, segundo o professor pesquisador citado pela Gretchen.

Recomendação final do artigo: que a tecnologia ajude essa contabilização dos tempos de maneira discreta, pois se ficar recordando o funcionário periodicamente disso, ele irá enlouquecer se desgastar psicologicamente de maneira gradativa.

Fim de Carnaval. Fim de férias para todos.

Bem-vindo 2015. Grandes novidades virão!

Abraços,

EL Cohen

 

 

 

26 comentários em “Sua empresa é roubada toda semana”

  1. Luciano Caçador Morais

    Grande El Cohen.

    No meu caso, tenho 29 anos, trabalho desde os 18 na área de TI, e em todas as empresas que eu já passei, utilizam sistemas de horas no projeto, ou tarefa. Realmente nem sei te dizer como seria sem esses sistemas.

    Abraço e como você disse “Fim de Carnaval. Fim de férias para todos.”

  2. Luciano,

    É uma coisa curiosa essa de ter que preencher planilha de tempo, em especial em épocas que o sujeito tem objetivos com prazos para cumprir (quando ele fará isso, azar).

    Porém…

    Vivendo no Brasil a gente é sujeito a cada coisa maluca, como uma chamada CLT que, se no início protegia o trabalhador, hoje complica bastante até para ter liberdade de trabalhar home office (fora todos os medos e nuances das empresas em relação a adotar métodos diferentes, envolvimento de sindicatos, processos trabalhistas, etc.).

    It’s not easy, hehe.

    Abs

    EL CO

  3. Prezado bob

    O uso de referências é uma pratica consagrada há muitos anos na boa ciência. Parabéns.

    Usar o rigor da matemática para medir grandezas imprecisas como a planilha de horas é um custo inútil na maioria dos casos. A contabilidade já resolveu este tipo de coisa via overhead faz tempo.

  4. Prezado Guru,

    Explique melhor. A planilha de tempo continua sendo utilizada around the world.

    “Overhead”, pelo que entendo, seria esse custo extra de trabalhar e ainda por cima ter que alimentar a planilha.

    Se as empresas cobram por tempo de seus profissionais, como ela deveria proceder então?

    Abraços pampianos

    EL CO

  5. Prezado Bob,

    É possivel medir o tempo consumido dos profissionais de forma indireta com igual ou melhor precisão com um custo bem menor. Apenas para ilustrar. O tempo gasto no preenchimento da planilha de horas diariamente deve ser alocado para qual projeto? Posso usar centenas de outros exemplos onde o tempo gasto não pode ser alocado diretamente para um projeto, exceto se for o caso de projeto único.

    O overhead resolve o problema com menor custo e qualidade porque é feita uma abordagem completa das horas consumidas em relação aos projetos. É claro que sobra a questão da comparação do tempo de A e B para resolver o mesmo problema. A questão chave aqui é se tem sentido tal comparação em ativididade intelectual. Em atividade rotineira e repetitiva certemante tem. Nas outras não tem sentido algum para a melhoria da gestão.

  6. Caramba Co, que belo artigo. Vou compartilhar esse texto com algumas bilhões de pessoas…

    Minha contribuição:

    Esse é um problema que eu vejo em 99,9% das empresas de prestação de serviços de TI. A empresa de pequeno porte controla as horas de seus funcionários. A IBM faz a mesma coisa.

    Conheço empresas que usam controle de horas como referência (e levam isso muito a sério) para ampliar o quadro de funcionários (ou diminuir, ou realocar), para cobrar clientes, para entender quais clientes estão trazendo receita ou dando prejuízo, para identificar gargalos em equipes….

    É muito comum as equipes estarem sobrecarregadas e reivindicarem melhores condições de trabalho. Mas a argumentação nesse caso não serve de nada. É preciso apresentar dados, números. Nenhum gestor vai tomar decisões que não sejam baseadas em evidências.

    As equipes também costumam considerar isso como uma atividade ‘adicional’ a sua rotina de trabalho. Mas esquecem que isso deveria sempre fazer parte de suas atividades, ao menos em uma empresa que pretenda prestar serviços profissionais.

    Abração!

  7. Dear Mansur,

    Eu acho que principalmente nas atividades intelectuais é preciso dedicar tempo e registrá-lo. Mas isso é uma opinião minha. É, aliás, como trabalho.

    Eu me OBRIGO a dedicar “x” tempo para escrever no blog, escrever livro, matutar sobre algo, etc. Por que se eu ficar esperando aquele “click” ele não virá.

    Como diriam aqueles inovadores/inventores, “É 99% transpiração, 1% inspiração”.

    Mas esse nem é o mérito da questão, a meu ver. As empresas mapeiam o tempo. É isso. O tempo “registrando na planilha” entra no mesmo que “ir ao banheiro”, “tomar chimarrão”, etc.

    Renê,

    Faço minhas as suas palavras, admitindo que outras pessoas pensem diferente.

    Se os resultados chegarem por aqui ou por ali, blz.

    Smack prambos.

    EL CO

  8. Grande Cohen,

    Eu particularmente odeio registrar horas ainda mais por aproximação/incerteza. É fato que esta informação se fosse sempre levada a sério e registrada pontualmente para cada tempo gasto seria o verdadeiro “mundo de bob” para os gestores. Em contrapartida o nível de stress gerado aos colaboradores seria enorme em benefício dessa precisão.
    Paralelo a isso eu faço algumas considerações:
    1) A maioria das pessoas que eu conheço que apropriam horas de trabalho fazem isso no máximo uma vez por semana e em alguns casos uma vez por mês.
    2) “Achômetro” e “valor aproximado” no meu ponto de vista é uma gigantesca perda de tempo.
    3) É uma pena que a tecnologia não possa nos ajudar em todos os casos. Imagine se todos os colaboradores fossem agentes de atendimento. Bastaria utilizar os dados obtidos do DAC para saber a utilização de tempo de cada pessoa. Fácil né? Agora imagina imagina um trabalhador que conta muito com a sazonalidade e executa inúmeras atividades que varia desde o “responder um e-mail” até “visitar um cliente externo”. Recorrer a um bloquinho e ter que transcrever em algum sistema seria uma opção. Bem chata, mas seria uma opção.
    4) Se eu não me lembro nem do que comi ontem no almoço, eu certamente não lembro o tempo que gastei com cada e-mail ou tarefa que executei nesta semana. No mês então nem se fala.
    5) Eu acho que as vezes “inventamos moda” pra umas “bobagens” sem tamanho. Explico o desabafo. Se a finalidade é pra se estimar custo e este objetivo não é frequentemente monitorado para fins contábeis e de gestão, porque forçar a execução dessa tarefa pelos funcionários com essa frequência exemplar? Não seria mais fácil definir um período anual (Ex.: Algumas semanas ou meses do ano) para se fazer este levantamento junto aos colaboradores? Ou mesmo, será que o chefe/gestor de equipe não pode fazer este levantamento de “gestão” ou buscar essas informações de uma forma mais precisa com os funcionários? Nem que seja em um período específico do ano?

    Enfim, esse assunto bem que poderia render uma tirinha nas séries “Vida de merda” ou “Vida de programador”, porque é um saco fazer isso.

    Abração!
    Parabéns pelo artigo!!!

  9. Daniel,

    Antes de tudo, obrigado pelo elogio.

    O curioso é que a tecnologia faz isso.

    http://www.xconomy.com/boston/2015/02/24/humanyze-hits-up-investors-to-support-people-analytics-in-business/

    The startup is called Humanyze—it was formerly known as Sociometric Solutions—and it spun out of the MIT Media Lab in 2011. Since then, the eight-person company has been heads-down developing technology to help businesses improve their performance by understanding how their employees behave on a daily basis.

    The key? Gathering and analyzing data on how employees talk to customers, who talks to whom within companies, what times of day people send e-mail, make phone calls, go on break, and so on. If it all sounds a little Big Brother-ish, well, Humanyze has thought carefully about those privacy concerns (more on that below).

    A questão de se fazer anualmente é se O CLIENTE vai querer pagar uma coisa assim. Se você paga por hora um pedreiro, fica p* da vida por vê-lo comendo moscas (ou até descansando) e não vai querer pagar esse tempo parado.

    Imagina uma grande empresa pagando malas de dinheiro para bancas de advogado, por exemplo.

    Abs

    EL CO

  10. Prezado Bob,

    É importante entender que as empresas pagam o preço da hora homem utilizada que é algo bem diferente do custo da hora homem utilizada. O preço carrega todos os custos da empresa mais o lucro. O tempo que as empresas clientes mapeiam é o utilizado e é por natureza mais simples e fácil de controlar. As planilhas de horas que existem atualmente trabalham neste conceito.

    No entanto existem os contratos flats que eliminam tais controles. Esta é pratica mais habitual de compradores de serviços de empresas como a IBM e outras firmas que tem alguma capacitação para vender serviços. Lembro que não considero (apesar de saber da existência das empresas que vivem na ilegalidade que contratam pejotinhas) por total irrelevância economica e de resultados empresas que operam fora do escopo da legalidade. Sei que existem muitas, mas o números delas representam um zero total em relação ao tamanho do mercado. Inexiste sentido prático e lógico olhar para elas.

    A questão da sua alocação de horas é um trabalho que todo profissional deve fazer. A questão é que vc não precisa do apontamento destas horas em uma planilha para alcançar o resultado que deseja. Voce está gerenciando o seu tempo. Isto não é nem mapear tempo nem planilhar tempo. É gerenciar. Do ponto de vista prático você olha o seu registro do tempo gasto no blog em 2012? (se é que vc tem isto). você compara se em 2015 escreve mais rápido no blog em 2015 do que escrevia em 2010 ? Mesmo que você faça isto (eu duvido) como usa tal informação para melhoria contínua? (Desafio você a apresentar tais números e devidas explicações sobre como o resultado de 2010 foi melhorado em 2011,12 e etc).

    Nenhuma empresa grande ou relevante faz mapeamento de serviços intelectuais no sentido de uma planilha de horas para usar como mecanismo de cobrança dos clientes.

    Para olhar custos as empresas fornecedoras de serviços usam o overhead para mapeamento das horas há mais de 20 anos. Estou falando de empresas sérias e honestas. Quem planilha horas dos profissionais que estão dentro da sua casa são as empresas compradoras de serviços. Eles fazem isto por dois motivos. Auditoria das compras e gerenciamento dos custos. Este controle determina quando um controato por hora deve ser alterado para a modalidade flat por exemplo. Neste caso entra na planilha tudo. Tempo de preenchimento, horas no banheiro, café e etc.

    Em resumo, é preciso entender duas coisas simples. 1- Empresas sérias que fornecem serviços cobram em função do custo total empresarial e do lucro (o custo do homem hora é um componente e é feito por overhead). 2- Empresas que contratam serviços pagam o preço relacionado com hora em projetos pequenos ou em situações pontuais em projetos grandes. O gerente do projeto ou equivalente controla, mapeia e planilha as horas consumidas da mesma forma como faz para todos os insumos do projeto. Os profissionais da empresa fornecedora de serviços planilham as suas horas dedicadas detalhadamente em base diária e de forma completa para que seja a base de comparação caso existam divergências entre o fornecedor e comprador na fatura de pagamento.

    Custo não é preço e portanto não de existir mistura de conceitos. Escrevi mais porque achei que as respostas curtas não estavam esclarecendo. Aliás posso invadir seu próximo curso em sp ?

  11. Prezado Bob,

    Faltou um detalhe. Apenas um gestor completamente apalermado usa a planilha de horas para justificar a necessidade de contratações ou outras mudanças no seu quadro de funcionários ou para identificar gargalos ou para descobrir se um cliente está dando lucro ou prejuízo ou para coisas similares. As empresas sérias contratam gestores qualificados formados nas boas escolas brasileiras e por isto elas raramente tem nos seus quadros “patetas” cuidando da gestão.

    Elas não fazem este tipo de controle via planilha de horas por causa de diversas razões. A primeira é a necessidade de ganho de produtividade ao longo do tempo. O mero fato da planilha indicar que todos os recursos humanos estão com alocação total não significa que é necessário contratar ou realocar ou mudar o quadro de pessoal. Ganho de produtividade é uma necessidade permantente. Olhar se um cliente está dando lucro ou prejuízo através de uma planilha de horas é de uma incompetência que eu acreditava que já estava extinta no Brasil. Cliente paga preço de venda. Preço é igual ao custo mais lucro. Pura matemática. Conta de adição da escola básica.

  12. Primo,

    1. Você nunca “invade” o curso. É sempre um bem-vindo convidado.

    2. Eu e você não podemos continuar esse debate. Vivemos em mundos diferentes.

    Você vive no mundo corporativo, eu circulo nas pequenas e médias empresas.

    Estas, diante do que percebo (e aceito):

    a) Não são “sérias” dentro da sua classificação. Usam PJ’s e o que for necessário para garantirem sua sobrevivência. E diante da revigorante economia que viceja em terras tupiniquins…

    b) Usam sim o tempo do sujeito para cobrar o cliente (por que o custo da empresa é quase sempre 80% RH ou parecido).

    c) Não dispõem de um gestor menos “apalermado” que não adote essa ferramenta para também dimensionar a equipe. Aliás, quando conseguem dimensionar, contratar, blá-blá-blá (já sei sua resposta: “é por que pagam pouco”).

    d) Eu nunca disse que a planilha de horas informa se o cliente dá lucro ou não. Mas se a empresa tem um contrato de valor fixo e o cliente demanda muitas horas, eu acho que esse tipo de medição ajuda para “think about”. Sim, o contrato pode ser uma b*. Mas para ganhar da concorrência e permanecer no mercado, foi necessário inicialmente tal ação, provavelmente.

    e) Preço é igual a Valor Percebido. Quando transformou relógios de pulso em status e jóias, teu primo deu uma sacada muito grande. Nem ele imaginaria que o lucro pudesse ascender tanto. Essa tua matemática foi pras cucuias tamanho o potencial que se abriu.

    f) Sim, ainda te amo. Kkkkk…

    Abs

    EL Co

  13. Prezado bob,

    Ainda bem que existe amor e posso invadir teu curso.

    1. Sobre a), b) , c) e d) estas falando de anomalias do mercado que mais cedo ou mais tarde estarão enterradas sob a pedra da desqualificação.

    2. sobre item d). Você realmente não proferiu tal heresia. No entanto, pelo menos aparentemente concordou com ela.

    3. Sobre item e). Preço não é e nunca será valor percebido no mercado concorrencial. Preço é o resultado da oferta e demanda. Basta ver nos lugares pós copa que estão em grave crise hidrica que o valor percebido da água é muito maior que o preço dela. Tudo o que vendável em um mercado tem o preço determinado pelo equilibrio da oferta e demanda. Para alguns o valor percebido será elevado e acima do preço e para outros será bem abaixo. Apenas e tão somente em monopolios altamente imperfeitos é que existe a possibilidade remota do preço ser igual ao valor percebido.

    4. sobre item f). O amor é mutuo. Respeito todas as vossas discordancias.

  14. Mansur,

    Hahahaha… Eu acho que essas “anomalias” é que são as regularidades. Só não são legais por que nossa CLT não acompanha o mundo moderno. Aliás, mundo pós-moderno.

    Preço não é valor percebido?

    Vai na feira e veja se a minha esposa, mama idish de primeira, não deixa de comprar tomates mais baratos por que ela acha os outros melhores?

    Vai no shopping e veja o pessoal comprando relógios Tissot (eu tenho 4 deles) por um preço absurdo.

    Veja os cursos que oferecem certificação via prova nos últimos instantes versus outros que não oferecem. O “valor percebido” é aquele documento que “talvez” faça diferença mais adiante numa entrevista de emprego.

    Vai no posto de gasolina que oferece ela mais cara, porém dá cafezinho de graça ou fica no caminho do trabalho daquele sujeito. Se ele não escolhe o posto por um desses dois motivos, independente do preço ser superior. E não se trata de oferta e demanda, mas de como o proprietário driblou essa “lei do mercado” para ganhar mais e cobrando mais.

    Naaaaaaaaaaada disso que citei são monopólios.

    Abs

    EL Co
    PS: Aliás, vc podia me pagar um café (sem chocolates, estou de regime) e poderíamos discutir isso sem voyerismo, hahaha.

  15. Cohen,

    Parabéns pelo artigo. Trabalho na liderança de uma multinacional e não temos um controle de horas por planilha, é um sistema, porém, na prática utilizo o controle de horas como fonte para diversas tomadas de decisão.

    Pelo visto sou um gestor apalermado e formado nas piores escolas brasileiras, pois não apenas utilizo essa metodologia, como é uma diretriz da multinacional de 3 letras em que trabalho, utilizado não apenas no Brasil como no mundo.

    Com o controle dessas horas eu posso mensurar se uma atividade está sendo feita em mais ou menos tempo dentre os profissionais que atuam na mesma atividade e com isso, identificar necessidade de treinamento ou replicar melhores prátricas.

    Também consigo identificar se um serviço vendido está dando lucro ou prejuizo sim, pois se foram estimados X horas para um serviço e estou executando em mais, ou minha equipe não está qualificada ou o serviço foi mal dimensionado.

    Sem esse controle, não consigo inclusive, justificar se preciso ou não, aumentar o meu quadro de funcionários, pois digamos que tenho 160 hora úteis no mês para utilizar na execução do serviço, mas estou tendo horas extras frequentemente, é sinal de que o serviço está demandando mais, ou ainda, se dessas 160 horas úteis no mês, eu não esteja reportando no projeto, significa que tenho mão de obra ociosa e com isso, posso absorver mais serviços utilizando a mesma base de funcionários.

    Enfim, claro que é apenas o meu feedback, de uma metodologia que utilizo a mais de 9 anos e que é utilizada mundialmente na empresa em que trabalho. Posso garantir que sem esse controle, não teria facilidade em diversas tomadas de decisão.

    Parabéns novamente.

  16. Abrieli,

    Hehehehe, se deveriam usar ou não, blá blá blá, são outros quinhentos.

    Mas que as empresas usam, usam. Claro!

    Mas acho que a expressão APALERMADO que Mansur usou é por que ele passa todas as férias dele na Itália, provavelmente nalguma região que seja rival da cidade de Palermo.

    😉

    Abs

    EL CO

  17. Bruno,

    Li de cabo a rabo o link indicado e não entendi muito bem seu ponto de vista.

    Pareceu-me que em verdade esse é um caso típico de “sempre fizeram assim”, mas não sabiam por que faziam, salvo pagar funcionários ou compensação de horas.

    A Alegoria da Caverna – http://goo.gl/vl30ea – exemplifica isso muito bem.

    Já um programador ir até o CEO da empresa, dizer que não vai mais fazer uma determinada tarefa é algo surreal. Ainda mais quando o autor cita Deming que, entre outras coisas, recomendava mudanças planejadas, hehe.

    Anyway, está lá para leitura dos amigos.

    abs

    EL CO

  18. O link é pra mostrar um exemplo de como isso pode ser muitas vezes um desperdício seja pela fato de as pessoas “sempre fizeram assim” ou pelo fato do beneficio que isso possa trazer ser menor que o esforço e o desgaste empregado para o mesmo. É apenas mais um ponto para reflexão.

  19. Prezado Bob,

    Parece que tens leitores no grupo dos piores que sequer sabem o que a empresa em que trabalham (se é que realmente trabalham lá) usam como ferramentas de trabalho. Eu não trabalho nas tres letras e sei exatmente o que eles usam e como fazem no Brasil e no mundo inteiro. Usar planilha de horas e não overhead para controlar custo da mão de obra é coisa de amador de cidades que são não Palermo. Deve ser alguém que voltou de 1949 né ? Eu vivo no ano de 2015.

  20. Primo,

    Vamos pegar um exemplo prático.

    Alguns Centros de Serviços Compartilhados já começam a cobrar o SLA reverso que é uma espécie de cobrança (ou punição) para quem abre um serviço e não faz a sua parte corretamente.

    OK, vou desprezar o fato que o “sistema” deveria ser onipotente e checar tudo antes de permitir a abertura do pedido de serviço. Vamos supor que seja uma informação inadequada que foi alimentada ou qualquer coisa assim.

    Como o CSC cobraria essa unidade? Um valor específico ou o tempo do pedido processado dentro do CSC, incluindo o dos funcionários envolvidos?

    Abs

    EL CO

  21. Prezado Bob,

    O CSC cobra com base no preço estabelecido no contrato. E em cima de multas e punições. Se tal pratica existir.

    Preço é o resultado da soma do custo mais lucro. Não é necessário usar planilha de horas de mão de obra para tal. Aliás o sistema citado da empresa de três letras que não é um sistema, mas um módulo da vertical serviços do ERP usa o overhead como um dos componentes do custo.

    Se existir situação de multa ou punição ela é feita com base na perda total que tem como um dos componentes o custo da mão de obra. Existem outros como custo de oportunidade, mas não vou divagar sobre formação de custo aqui.

    Em qualquer caso citado o overhead resolve e custa muito menos que a planilha de horas além de ser mais preciso. É evidente que não fui o criador de tal prática. Ela existe há muito tempo. Caso releia o texto base do seu artigo vai perceber tal informação.

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