A heroificação do fundador/CEO

Algumas vezes, alguém escreve um artigo tão bom que dá inveja de não ter sido você a redigi-lo.

Li um texto de Cezar Taurion (ninguém explica quem é o papa, então Cezar dispensa introdução) no Linkedin:

Se você é um grande “founder”, não necessariamente será um grande CEO. Não generalize Jobs, Mark, Bezos ou Gates. São exceções. São dois trabalhos muito diferentes, e é hora de pararmos de fingir que são as mesmas coisas. Não são!

O original

Cezar remete a um artigo espetacular:

Can We Please Stop Calling Founders “CEOs”?

Traduzindo, seria algo como:

Podemos, por favor, para de chamar os fundadores de CEOs?

Mea culpa (ou culpa inteira)

Eu fiz isso. Eu cometi esse erro.

Tive uma startup que criou softwares para cartórios. Depois para corretoras de imóveis. Depois de Help Desk e Service Desk. E sempre fui o fundador e o administrador.

E claro, todas afundaram depois de alcançarem o sucesso.

Oh yeah, boy. And girl. Eu admito.

Pior: ainda vejo isso acontecendo hoje.

O sujeito gosta de novos mares. Dominado um mar, ele vira a nau para outro rumo e não permite que a empresa ganhe aquilo que merece faturar pelo esforço realizado.

Quer desbravar. Quer novos desafios. Quer mostrar que pode.

Do texto de Aaron Dinin

Em resumo, ele explica:

  • No boom da internet, os fundadores de empresas de tecnologia queriam crescer rapidamente (da garagem para o prédio no Vale do Silício) e então vendê-las ou colocar um administrador para que crescessem ainda mais.
  • Hoje todo mundo quer fazer o lançamento da sua IPO.
  • É o que chama de heroificação do empreendedor (foco nos ícones Musk, Bezos, Gates e Zuckerberg). Sujeito lá na bolsa de valores tirando fotos etc.
  • E por que esses fizeram isso, os pequeninos – e também os brazucas – querem comandar e administrar sua empresa pelo resto da vida dela.
  • Mas nem sempre as suas habilidades são adequadas para isso. Suas qualidades são outras e gerenciar pessoas habitualmente não é uma delas.

Do mercado

Eu conheço gestores (owners) que trocaram 5 vezes seus produtos de Help Desk e Service Desk no prazo de dois anos, sem ouvir a opinião de seus gestores de suporte.

Outros dispensam a formalização de um fluxo de atendimento, por exemplo. Mas reclamam horrores por que os novos técnicos não atendem mais como ele fazia quando iniciou a empresa.

O que falar do CEO/fundador de uma empresa de 200 colaboradores que microgerencia tudo, até a compra de maçaneta de reposição para a porta de um banheiro?

Há os que trocam gestores de suporte como quem busca erva-mate no mercado público. Semanalmente.

Quando fundador tinha uma regra: não tá dando certo isso, troca.

Mas agora a empresa cresceu. Tem muito mais gente. Famílias. Processos. Clientes.

A informalidade cobra seu preço. Ele a adora por que tudo tem que ser rápido.

Mas não, nem tudo tem que ser rápido. Existem dezenas de pessoas a mastigar a novidade… Um novo software, por exemplo.

Não, não dá pra se esconder atrás de metodologia ágil, scrum etc. para justificar decisões intempestivas e incompetência para administrar pessoas e recursos.

Nem vem!!

Dói, mas vale a reflexão

Assim, fundador: não, você não precisa ser um CEO.

Siga na sua empresa, mas deixe outro administrar e ganhar dinheiro pra você.

Se gosta tanto de empreendedorismo, crie outra firma, outra marca.

Ideias não lhe faltam, tenho certeza.

See you, boys and girls.

EL CO

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