Porquinhos, navios e sorvetes

O impacto do desdém em relação à base de conhecimento

Há uma grande desconsideração pelo processo de manutenção da base de conhecimento na maioria dos departamentos de suporte técnico.

not nowOs motivos são os mais variados, desde a desculpa espúria de falta de tempo, até aspectos mais profundos, como o desinteresse intencional (e às vezes inconsciente) em não documentar as soluções para que os próprios técnicos sintam-se valorizados (“- Só eu sei fazer isso e por isso sou imprescindí­vel”) e outros motivos menores, como a dificuldade em encontrar um gestor para a KB (Knowledge Base) ou até saber por onde iniciar, que ferramenta utilizar e assim por diante.

Tempo

O gestor de Service Desk não se dá conta do impacto disso tudo no negócio.

clock2É fácil enfiar a cabeça debaixo da terra como uma avestruz e não olhar para o todo. Aliás, às vezes, nem querendo e com a cabeça altiva ele consegue enxergar o todo.

O curioso é que exatamente o motivo pelo qual não consegue realizar a documentação – falta de tempo – é realimentado por ele mesmo, pois se mantivesse uma disciplina periódica (15 minutos diários dele ou de algum funcionário), ganharia mais tempo progressivamente. Mas opta pelo cí­rculo vicioso e…

Exemplo

Fomos durante muito tempo uma das empresas mais bem-sucedidas no ramo de fornecimento de software para Help Desk e Service Desk (hoje somos apenas bem-sucedidos, haha). E durante uma roda de chimarrão (aqui em nosso paí­s, Rio Grande do sul, se bebe pouco cafezinho, mas é um hábito generalizado o consumo de chimarrão) um dos técnicos me veio com essa, rindo do usuário quando deveria estar rindo de si próprio.

O usuário disse que nosso aplicativo não funcionava. O técnico perguntou se alguém tinha mexido ou instalado algo na sua estação. O usuário disse que não e o técnico desprezou a resposta, certo que acontecera alguma coisa para algo que funcionava bem parasse de funcionar.

Foram consumidos 20 minutos reinstalando um driver de acesso ao banco de dados. Infelizmente, o resultado era o mesmo. Mais 20 minutos reinstalando nossa aplicação na estação. E…

O resultado foi o mesmo.

Não funcionava e apresentava a mesma mensagem de erro. Então nosso técnico teve um insight e pediu para realizar o comando ping (ele verifica se o computador destino responde – veja mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ping) para o servidor do banco de dados.

E o retorno foi zero.

O servidor de banco de dados estava “fora do ar”.

O técnico na roda de chimarrão ridicularizava o usuário por querer utilizar nosso aplicativo com o servidor fora do ar.

se achando melhor no espelhoMas ele – técnico – é quem deveria ser o motivo de escárnio. Por que gastara 42 minutos em algo que poderia levar 2 minutos.

Se utilizasse um script orientando passo a passo como proceder, poderia ter colocado o comando ping na primeira posição e economizado 40 minutos, sobrando tempo para outras atividades.

Em destaque:

O atendimento poderia ter durado apenas 2 minutos e não 42.

Economia de 40 minutos.

Falta tempo?

Porquinhos, sorvetes e navios

Durante o curso de gestão de suporte técnico (agora com o noví­ssimo nome em 2014 de Curso de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk e meio dia a mais de extensão) um profissional que suporta software para logí­stica comentou duas coisas:

  1. pigQuando um caminhão de uma fazenda (negócios agropecuários) não consegue sair em tempo por algum motivo envolvendo tecnologia, sua carga-viva pode morrer: PORQUINHOS. Por que não estão sendo ventilados o suficiente e expostos, às vezes, a temperaturas superiores a 35 graus (lembrando que suí­nos precisam de ambientes úmidos para sobreviver).
  2. picoleQuando um caminhão de uma fábrica de SORVETES demora-se por motivos de tecnologia dentro do pátio da fábrica com a carga já carregada, existe chance da temperatura interna do baú frigorí­fico subir, pois o motor não está produzindo energia suficiente para manter a temperatura baixa, o que pode fazer com que aconteça perda total da carga (ninguém quer comer um picolé todo deformado).
  3. navioUm exemplo tradicional de Ricardo Mansur: se algum problema de tecnologia (um modem, por exemplo) demorar para a ser resolvido dentro de um NAVIO e ele não conseguir entregar documentos eletrônicos para a capitania dos portos, a embarcação perderá o horário de partida e precisará pagar mais uma diária (que geralmente são muito, muito salgadas). Além do fato de chegar atrasada em seu destino, perder seu próximo horário/dia de atracamento, etc.

Conclusão

Quero provocar a reflexão de que uma demora de duas horas para solucionar algo num navio, pode produzir uma perda gigante de grana para o armador e ao negócio em geral. Ou o lamentável prejuí­zo de uma carga inteira de porquinhos ou sorvetes, ou ainda problemas de horários de descanso dos motoristas, tráfego noturno, etc. dos caminhões.

money bagEntão é bom o técnico (e seu gerente) analisarem se ainda desejam ser heróis por muito tempo ou…

Fazer a coisa acontecer e colaborar com o negócio para reduzir tais perdas, onde uma das ações primordiais é a construção e manutenção de um bom processo de alimentação da base de conhecimento.

PRESTE ATENÇÃO: 15 minutos de funcionário versus perda de uma carga inteira de porquinhos, sorvetes ou uma diária monumental de uma embarcação.

Convite

eu

Dias 29, 30, 31 de janeiro e mais a manhã do dia 01 (sábado), estaremos com nossa primeira edição do curso de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk de 2014 em ação.

Como tenho duas viagens internacionais marcadas para o ano que vem (Mansur é indiretamente o culpado!!!) e mais a Copa do Mundo que desorganiza os horários em geral, aproveite, pois estarei razoavelmente indisponí­vel no próximo ano.

https://www.4hd.com.br/#!/gestao

Abraços!

EL CO

PS: Opa, dia 21 de janeiro estarei em Chapecó para o curso Tudo que um gestor de suporte técnico deveria saber!

 

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