Literatura lida em 2025

OK, vou listar alguns livros que recomendo.

Obviamente, lê-los depende do momento de vida em que você está. Ou da carreira.

De qualquer maneira, é um resumão que dá pra examinar em menos de 5 minutos.

Além da ITIL

Começo com uma obra, para alguns, estarrecedora.

Existe vida além da ITIL? Sim, existe. Dependendo do seu contexto, não é a melhor opção.

Beyond ITIL: Exploring Emerging ITSM Frameworks and Their Impact on Business Value: A Critical Analysis of Frameworks Like COBIT, DevOps, VeriSM, SIAM, and FitSM do R. Parvin é um livro que explica que, dependendo do tamanho da sua TI, do tipo de empresa (software etc.) e outras considerações, a velha baronesa (*T*L) talvez não ser a melhor alternativa para organizar seus serviços de TI.

Yeah, chocante para alguns.

Mas com justificativas simples para quem ler. Recomendo.

Existencialismo é um humanismo

A corrente de pensamento do Existencialismo surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Oriunda de uma espécie de decepção com o ser humano, seus sofrimentos e tudo o mais. A célebre frase desse autor é:

“O ser humano está condenado a ser livre”

Algo como: “PQP, só eu pra decidir isso!” a cada instante da vida, até mesmo a disposição de delegar a outros a decisão e não poder resmungar depois.

Existencialismo é um humanismo de Jean-Paul Sartre é um pequeno livro que explica: cada um de nós trilha seu próprio sucesso (ou fracasso). Não pode imputar a culpa de suas misérias emocionais (ou financeiras) aos outros.

Aliás, o autor era barulhento. Foi um baluarte contra o processo de colonização da França em relação aos países da África.

E se acham que isso não lhes diz respeito leiam isso:

Quando, por exemplo, um chefe militar assume a responsabilidade de uma ofensiva e envia para a morte certo número de homens, ele escolhe fazê-lo, e, no fundo, escolhe sozinho. Todos os chefes conhecem essa angústia.

Todos os chefes conhecem a angústia da tomada de decisão. Mais não escrevo. Leia o livro.

Como fazer seu MSP crescer

Peguei gosto por essa turma de MSP. Gostei do ambiente. E me joguei a ler literatura a respeito por que muitos deles apareceram no meu curso de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk nos últimos anos.

Profit and Growth for MSPs: Dragon Boats, Catamarans, and Superyachts foi apresentado em um MSP Summit organizado pela ADDEE. O livro serve (eu tive uma software-house e conheço o riscado) para qualquer tipo de empresa de tecnologia.

A ideia é: há um momento inicial da empresa em que todos remam (Dragon Boats) e não há staff de administração. Mas para crescer, será preciso gestores e administrativo. É quando a empresa se torna um Catamarã. E para obter lucratividade mesmo, daquelas de se aposentar com 40 anos, precisar ir além e se transformar num Superiate.

Mas… a maioria dos MSPs encalha no primeiro modelo.

E os autores explicam como evoluir.

A ética protestante e o espírito do capitalismo

Fiquei curioso em saber por que os EUA têm essa ênfase tão grande em métricas, números, startups, investimentos etc. e o Brasil não.

E descobri!

Max Weber, um sociólogo que nasceu no século XIX e morreu no XX, desvendou o mistério na obra A ética protestante e o espírito do capitalismo.

A salvação para os protestantes está predeterminada. Resta aos seus seguidores honrar a Deus no mundo… trabalhando. Exatamente. O dinheiro que sobra deve ser reinvestido no negócio (originariamente, claro).

Significa que não há luxo para o protestante, só trabalho. Existem variações dessa interpretação, claro.

Já para os católicos, a salvação a cooperação humana rola por meio dos sacramentos, boas obras e perseverança, entendendo que a graça é oferecida e sustentada pela Igreja. E daí temos um Brasil de colonização católica que a salvação vem dos atos em prol de Deus. E uma ênfase menor ao trabalho na comparação com os países de colonização protestante.

Avalie o que importa

Tomei vergonha e reli Avalie o que importa de John Doerr.

Nele conhecemos o surgimento dos OKR (método de definir objetivos ambiciosos e como alcançá-los).

Pra quem desconhece, OKR nasceu com o meu guru Peter Ducker quando esse tratou de Gerenciamento por Resultados. Andy Groove fez adaptações na Intel e fez acontecer.

John Doerr, quem colocou em prática na Intel um dia saiu da firma e mostrou ao Google. E bem, hoje todo mundo quer usar OKR.

O túmulo do fanatismo

O túmulo do fanatismo foi escrito por Voltaire no século XVIII.

Ele ataca vigorosamente o fanatismo religioso (mas não Deus). Uma saraivada de argumentos contra a igreja católica (mas também aos judaísmo etc.). Não preciso dizer que foi bem no período da Inquisição Católica em que os hereges eram levados à fogueira, torturados e tudo o mais.

E o sujeito escreve bem. E de forma corajosa (teve até que fugir para outros países em função desse embate).

The Pumpkin Plan for Managed Service Providers

Fala sério, olha o título. “O plano abóbora”… Quem levaria a sério um nome assim?

Mas o que acontece é: tomaram o título original de um outro livro e adotaram para o seu usando o “for MSP”.

The Pumpkin Plan for Managed Service Providers trata do seguinte: tal como fomentar o crescimento de abóboras gigantes na sua fazenda, os MSP’s devem abandonar negócios que não lhes trazem muita lucratividade e focar naqueles que são bons. Até por que os primeiros podem dar tanto (ou mais) trabalho que os grandes.

Já cansei de falar sobre isso: demitir clientes.

Boa, hein? E eles — os autores — têm o caminho das pedras para dar andamento a esse plano (doloroso, claro).

Manifesto comunista

Rá, deixei quase pro final. Vai que alguém tem um chilique de ler isso aqui.

Nunca havia lido. Não dá pra criticar — no sentido de avaliar, não de detonar — sem ter lido.

Karl Marx faz uma retrospectiva em Manifesto comunista mostrando que no ambiente social sempre existiu uma luta de classes:

  • imperador vs. escravos
  • senhor feudal vs. camponeses
  • dono da fábrica vs. operários

A proposta dele para solução — comunismo — naufragou mundialmente. Porém…

Ele tem ideias muito interessantes. Não dá pra ser maniqueísta — 8 ou 800.

O sentido do sujeito obter valor do seu serviço em vez de fazer parte de uma cadeia de produção é uma. Mais não conto. É um livrinho miúdo. Vale a pena.

Gerenciamento pelas diretrizes

Hahaha… Peguei outro livro para ler que estava criando poeira em minha estante.

Gerenciamento pelas diretrizes também nasce na mesma fonte que Avalie o que importa:

Peter Drucker

Nessa obra, Vicente Falconi explica que diretriz é o objetivo mais a ação correspondente para alcançá-lo. Também faz uma relação com a arte japonesa dos samurais (vai saber, andava inspirado ele nessa época).

A invenção dos direitos humanos

Rá! Inacreditável a origem dos direitos humanos (mas isso é segundo a autora, Lynn Hunt).

A invenção dos direitos humanos aponta dois momentos muito valiosos para o conceito: a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Ambos os eventos geraram dois documentos:  a Declaração de Independência dos EUA e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Ambas apontavam aspectos de liberdade do homem e igualdade.

Mas ambas foram influenciadas…  pelo surgimento do conceito de empatia.

Conceito esse impulsionado pelos romances que se popularizaram na época.

Pamela de Samuel Richardson ou Júlia ou a Nova Heloísa de Jean-Jacques Rousseau fez com que os leitores se colocassem na pele de personagens de diferentes classes sociais e com diferentes experiências, desenvolvendo uma “nova experiência individual de empatia”.

A Technique for Producing Ideas

A Technique for Producing Ideas de James Webb Young foi publicado em 1965. Ele foi presidente da Associação Norte-Americana de Publicidade. Não é pouca coisa.

O livro é curtíssimo – 65 páginas.  Ele explica que o método de criação é um PROCESSO.

Leia:

“Isso me levou à conclusão de que a produção de ideias é um processo tão definido quanto a produção de Fords; que a produção de ideias também ocorre em uma linha de montagem; que nessa produção a mente segue uma técnica operativa que pode ser aprendida e controlada; e que seu uso efetivo é tanto uma questão de prática na técnica quanto o uso efetivo de qualquer ferramenta.”

O poder da retórica

O poder da retórica de Clément Viktorovitch, com esse título, parece algo meio teórico.

Não, não, não.

O subtítulo é “Como convencer e decodificar o discurso”.

Esse livro me despertou o interesse por que um gestor de Service Desk me disse, no meio do ano, que havia perdido um debate com seu chefe. Algo normal. Exceto se tivesse lido este livro.

Teria argumentos e também saberia como contornar a opinião de seu superior. E realmente a obra dá várias dicas, sem linguagem acadêmica, nem descambar para a chinelagem. Recomendo.

O Estado na teoria política clássica

Esse livro, O Estado na teoria política clássica, do professor Doacir de Quadros trata das relações de poder numa linguagem fácil (só procuro e gosto disso).

Platão e Aristóteles explicam por que não gostam da democracia (mas isso na visão da época). Aristóteles diz que o governo bom é aquele que foca nos interesses da população (e aqui cabe um detalhe: explica que não é apenas foco nos pobres, mas também nos ricos).

Finalmente o autor apresenta as visões dos contratualistas — os que consideram que as pessoas fazem um contrato para evitar se matarem entre si.

E então discorre sobre Hobbes, Locke e Rousseau. Cada um com perspectivas diferentes: um quer um ditador no poder, outro quer foco na liberdade e o terceiro um acordo entre todas as partes via democracia.

O mundo ainda é jovem

O mundo ainda é jovem de Domenico de Masi (esse autor estourou nas “bancas” com o “O ócio criativo) mostra como, apesar das crises atuais, a humanidade ainda tem grande potencial de avanço. O autor explica que tecnologia, criatividade e cooperação podem abrir caminhos para uma vida mais equilibrada.

Ele também explica que o trabalho deve ser reinventado, com mais tempo para estudo e lazer. Assim, o “mundo jovem” seria aquele que aprende, se adapta e busca soluções coletivas para seus desafios.

Ele trata, como sociólogo, mas para o público leigo, sobre temas como longevidade, velhice, trabalho, medo, coragem, inteligência e sentimentos, felicidade, leveza e outros.

Mais

Ainda li vários outros livros. Mas ficaram parcialmente lidos. Por isso não entraram na lista.

Recomendo a todos ler mais.

Há um excesso de ChatGPT, Gemini, Copilot e menos leitura. O resultado? Brain Rot.

Leia A era do ‘brain rot’: como a IA e as redes sociais contribuem para o enfraquecimento cognitivo

Abrazon

EL CO

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