Nômades da pior idade – Buenos Aires, parte final

Aqui a sequência iniciada de 2 artigos anteriores:

E comentários a respeito.

Relembrando

Depois de alguns anos visitando países pelo exterior como típicos turistas (EUA, Chile, Holanda, Israel, Itália, Portugal, Espanha etc.) percebemos que parecíamos baratas correndo pra lá e pra cá em busca de conhecer todos os pontos turísticos do local.

Era cansativo. E frustrante.

A pandemia resolveu a parada: os pacientes de minha esposa foram para terapia em ambiente on-line. E não quiseram voltar ao ambiente físico.

Isso deu ares de liberdade à atividade dela. Permitiu atender de qualquer local do mundo. E assim decidimos Viver — com vê maiúsculo — em diferentes países.

Claro, não temos mais que cuidar de crianças — as nossas alcançaram a marca dos 40′.

Buenos Aires

Todas as reportagens que líamos sobre a Argentina era que sua economia estava horrível (voltamos ontem-ontem) com uma inflação oficial de 100% ao ano. Hordas de pobres circulando pelas ruas, invasões de lojas etc. Como sempre, a imprensa dá como manchete o diferente.

Não o exagerado, mas o inusitado (e o que vemos é isso acontecendo até nos EUA – Jovens encapuzados saqueiam lojas em cidade dos EUA).

Fomos esperando o horror: lojas fechadas, decadência etc.

O que encontramos foi algo diferente.

Ficamos na região do Alto Palermo, um bairro tradicional e habitado 50% de idosos. Pense na Copacabana do Rio de Janeiro. Muitas livrarias, mercearias, cafés, restaurantes, lojas de vinhos etc. Claro, sustentados pelo consumo de aposentados e turistas.

Mas como explicar:

  • As ruas limpas?
  • A segurança que faz meninas voltarem pra casa às 06:30 caminhando quadras e quadras sozinha (eu caminho nesse horário e encontrei várias nas quintas e sextas-feiras)?
  • A polícia usar carros Corolla e motos BMW?
  • A quantidade de banca de revistas vendendo jornais e revistas impressos?
  • O ritmo mais tranquilo que nos permite consumir apenas um café sem que o garçom venha nos aborrecer com “algo mais, algo mais?”?
  • A pizza a R$ 20 e o vinho Norton Malbec no restaurante a R$ 17?
  • A quantidade absurda de livrarias abertas e funcionando (coincidência, hoje a Saraiva pediu definitivamente autofalência aqui no Brasil)?

Sou pseudoignorante em economia, mas se vive por lá. E em termos culturais, nossa…

A economia está “boca-braba” (como já estivemos várias vezes por aqui). Se tem curiosidade, leia a opinião de Felippe Hermes em De sexta maior economia do planeta ao décimo calote: as lições da Argentina. É o que dá concentração de produção (como estamos fazendo com o agro) e apoio a soluções rápidas e populistas para agradar o povo sem pensar na nação.

Dois trechos do artigo:

Para um viajante no tempo saído de 1900, seria difícil acreditar que se tratava do mesmo país. A Argentina do início dos anos XX, uma rara democracia na América Latina, inspirava ditados populares na Europa, como aquele usado para se referir a alguém muito rico, que os franceses diziam ser “rich comme un argentine”.

Buenos Aires, que em 1913 inaugurou o primeiro metrô da América Latina (55 anos antes de São Paulo), era a sede da oitava nação mais rica do planeta. Os números eram de fato impressionantes. Um argentino era em média 29% mais rico que um francês, 14% mais rico que um alemão, 3 vezes mais rico que um japonês e 5 vezes mais rico que um brasileiro.

Últimos comentários sobre nossa estadia de 30 dias

Aí vão:

  • Os prédios mais antigos não têm nome, algo comum no Brasil. Eu caminhava e tentava descobrir o nome do “condomínio” e nhecas.
  • As calçadas são lavadas diariamente às 06:00 pelos zeladores dos prédios. A praga dos pets aterrissou por lá. E os cães são de grande porte.
  • A av. Santa Fé tem calçadas padronizadas em toda sua extensão (lembra a orla do Rio de Janeiro com aqueles pequenos azulejos brancos e pretos).
  • A polícia de motocicleta quase sempre tem duas pessoas, a de trás segurando uma carabina que parece um canhão. E todos os carros da polícia são Corollas.
  • Aparelhos elétricos funcionam em frequência e tomada diferentes do Brasil. Nem pense em trazer. Ficam lentos aqui. Mas os nossos lá mandam bem. Aliás, leve adaptadores.
  • Os argentinos adoram luminárias. E aromas nas lojas. Chega a ser irritante.
  • Não há pichação nos prédios. E nem roubo de fios (algo comum em nossas grandes cidades).
  • Puerto Madero sofreu com a pandemia, creio. Aumentou a densidade de bares, diminuiu a de restaurantes. Perdeu um pouco de elegância, ganhou jovialidade.

Existem 500 coisas que deixei de fora. Turistar é algo que não fazemos mais. Muito desgastante para tirar uma selfie em frente a algo que jamais veremos novamente.

Viver em uma cidade diferente da sua é diferente. Aguça nossa curiosidade, estimula nossos sentidos e blá-blá-blá que só passando por isso para entender.

Beijão a todos

EL CO

PS: Já estão abertas as vagas para o último curso de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk do ano.

Aquele que passa uma borracha nas suas frescuras corporativas e ajuda-o a alcançar resultados.

Que é isso que a empresa espera.

Detalhes em www.4hd.com.br/calendario

 

 

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