HDI 2010 – Palestra do Paulo Storani – BOPE

Essa foi a palestra mais comentada do evento.

(Lembrando que este artigo é uma continuação da reportagem pessoal sobre HDI 2010, cujo último registro foi esse).

O Paulo Storani foi o consultor técnico do filme Tropa de Elite. E um dos oficiais que inspiraram o personagem Capitão Nascimento, interpretado pelo Wagner Moura. A palestra dele, cujo tí­tulo foi “Construindo grandes equipes” fez uma analogia entre a realidade do BOPE e as empresas de iniciativa privada. No caso, ele adaptou para Help Desk e Service Desk.

Surpresa

De antemão, quero registrar minha surpresa.

É admirável que um sujeito que subia morro para atirar em bandidos, tenha a capacidade de nos manter a todos (300 ou mais pessoas) magnetizadas o tempo inteiro de sua palestra. Quase duas horas. Sim, ele tem formação superior, várias pós-graduações etc. Ainda assim, ninguém na sala piscou olhos durante a palestra inteira.

Da estrutura da palestra

O que o Paulo fez: relacionou os passos para alguém ser do BOPE, desde a parte de recrutamento até treinamento final. E adicionou, como tempero, a experiência com os atores e as duas semanas que estes passaram sob suas “mãos” para obterem um “comportamento” parecido com a equipe do BOPE.

Do conteúdo em si como anotei

Tenho alguns filmes e fotografias da palestra. Vamos inserindo conforme possí­vel. Pelinquanto, registro aqui os tópicos que fui anotando, conforme assistia. A maioria das frases é do Paulo, por isso não colocarei todas em itálico, só as que se destacarem.

  • Tropa de Elite era para ser um documentário. O diretor fez o filme “í”nibus 174“, registrando as circunstâncias pela visão do bandido; como chegou até aquele momento de sequestrar um coletivo no Rio de Janeiro e o respectivo final triste. Tropa de Elite buscou mostrar a visão da polí­cia. Não uma polí­cia idealizada, mas a verdade, nua e crua.
  • O lema do BOPE é “Missão dada, missão cumprida“: existem metas, objetivos e tarefas a serem realizadas e desculpas não são aceitas.
  • Para os atores, foram transmitidas disciplina, espí­rito de equipe e técnicas do BOPE. Aliás, de uma forma quase brutal, interpretando a descrição do Paulo.
  • Os personagens do filme foram inspirados em pessoas reais.
  • O BOPE é como o Help Desk / Service Desk: o local onde as pessoas buscam ajuda quando nada mais funciona (isso por que ele não conhece o cara da contabilidade que faz informática à noite e ajuda todo mundo na firma, hehe).
  • No BOPE há sempre duas opções (comparando com o dilema vivido pelo Capitão Nascimento e sua esposa): “ou larga o BOPE, ou larga a mulher”.
  • Metodologia simples para os atores: cada vez que melhoravam, uma performance superior era exigida, sempre incrementando o desempenho. Ou seja, não basta ficar num determinado patamar de sucesso, é preciso sempre mais.

Ní­veis de tolerância

Primeira falha (seja ela na postura de algum exercí­cio, engano na ordem dada etc.)

“- O senhor acabou de errar. Preste mais atenção” – O erro faz parte do processo, mas o comportamento esperado é a melhoria. “- Há algum problema com o senhor? Se acha que há algo contra a sua pessoa, o senhor não é obrigado a ficar. Peça pra sair.

Na parte da manhã, os artistas treinavam metas individuais. E à tarde, metas de equipe.

No primeiro dia aprenderam o negócio de segurança pública. E na hora do almoço, o capitão resolveu o Dilema do Buffet. Este é um problema, pois existem muitas opções de alimentação, gerando perda de tempo, dúvidas, “como isso ou aquilo” etc. Solução: risoto e mais sobremesa, pronto. E misturados, pra não ocorrer perda tempo (tempo é dinheiro). Afinal, vai tudo para o estômago mesmo.

Segunda falha

– O senhor errou novamente.” Se a advertência verbal não funcionou, vem a fí­sica, “um upgrade”: flexões.

Sobremeta: é no déficit que provamos quem somos. Na normalidade todo mundo é bom. Devemos operar em crise em cima de crise. Inventamos uma, se for o caso.

Terceira falha

O senhor errou pela terceira vez.” Intervenções verbais e fí­sicas não funcionaram, novo “upgrade”: Tanque tático.

Era inverno e frio. O sujeito (artista) é enfiado dentro de um tanque de concreto cheio de água. Com roupa. “– É o extremo da condição ambiental contra você. Uma imersão no tanque tático, meu filho, para que você reflita seus valores, objetivos etc.”

Todo molhado, o artista volta para a tropa. Salienta que no BOPE não tem CLT.

– Soldado, o senhor vai deixar essa situação lhe dominar? Resista ou peça pra sair.

Aquele que não apresenta resultados, inventa desculpas é apelidado de invertebrado. Não tem estrutura.

Wagner Moura tá bonzinho demais

Um dos problemas no treinamento era que o Wagner Moura, segundo o Paulo, era um baiano muito zen, legal, bacana. E ainda por cima estava maravilhado com o nascimento recente de seu primeiro filho. Tudo era flores. Menos pro pessoal do BOPE que precisava de um capitão mais “mau”.

– Ae, pessoal. Vamos subir a favela numa boa, bem legal, como o capitão mandou“. A meiga ordem de comando do Wagner desmontou a equipe do BOPE.

Foi então que o Paulo teve uma ideia: trancou-se com o Wagner numa sala e aumentou consideravelmente a pressão psicológica sobre ele. Xingando. Exigindo comportamento mais firme. Pressão. Como sua famí­lia se sentiria ao vê-lo frouxo desse jeito, defendendo-a diante dos marginais etc.

Até que…

Levou um murro na cara vindo do punho do Wagner.

Comentários do Paulo:

– Fui arrogante. Estava preparado para um golpe de capoeira do Wagner, baiano. Mas depois ele comentou que treinava box tailandês. Poderia ter ouvido o cliente. Faltou-me planejamento. Preciso aprender com o erro.

Obviamente as frases acima são uma correlação do seu comportamento com as empresas no mercado. Mas a ação do Paulo resultou num Wagner Moura mais adequado para o personagem.

Bom, vou precisar continuar num próximo artigo, senão passarei o dia relembrando (e rindo) da palestra.

Abração

See you na continuação

El Cohen

9 comentários em “HDI 2010 – Palestra do Paulo Storani – BOPE”

  1. Adorei su palestra feita dia 31/11 em São Bernardo do Campo, não foi na minha mente que ficou registrado tudo o que foi passado e sim na minha
    alma com o dispertar espiritual .
    Diciplina, perseverança,Obstinação,Determinação nós leva ao sucesso .

    O que eu sou a partir de hoje ! CAVERA ‘ MISSÃO DADA E MISSÃO CUMPRIDA!
    adoraria ter a oportunidade de poder reve-lo e participar mais de suas palestras .

    Abraços ,Parabéns  Katia Campos .

  2. Boa tarde Paulo!

    Ontem estive presente no Sebrae em SBCampo.
    Sai bem mais motivada, como se diz na giria
    ‘VOCE É O CARA’.
    Voce pode ajudar muitos aqui em São Paulo.
    Muitos homens teria uma vida diferente se tivesse voce para ajudá-los a se encontrar.
    Voce vai faz a diferença, nos precisamos de vc.
    Gostaria de saber onde vc fará outras palestras.
    Com certeza estarei lá com minha TROPA DE ELITE.
    Quero que meus filhos assistam, meus colegas de trabalho.
    Que Deus te abençoe mais e mais.

    PARABENS! PARABENS!

  3. Leia isso antes de postar:

    ESSE NÃO É O BLOG DO PAULO STORANI.

    Esse é o blog do Cohen que registrou uma palestra dele. Ou seja, ele não lerá essas mensagens. Ou é bem improvável.

    Abraços

    Cohen

  4. Caro,
    primeiramente, você está sendo ignorante, não no sentido perjorativo, mas de não saber o que diz…
    “É admirável que um sujeito que subia morro para atirar em bandidos, tenha a capacidade de nos manter a todos (300 ou mais pessoas) magnetizadas o tempo inteiro de sua palestra.”
    É isso que ele faz, ele transforma pessoas comuns em soldados de verdade pra que existam pessoas que façam o que as pessoas comuns que falam tanto em humanidade não conseguem fazer…
    -Houve uma inverção de valores no Brasil ultimamente, onde o bandido tem direitos maiores que o da população… Isso deve acabar.
    -O BOPE não deve ser visto como uma arma de destruição em massa, mas como a valvula de escape para a violencia, para quando a conversa não adiantar mais.

  5. Obrigado Lucas pela orientação.

    Só acho que essa inverção de valores não é de ultimamente.

    E você não entendeu nada do que escrevi, infelizmente. Quis dizer que um sujeito treinado para ações físicas e de contato, consegue segurar intelectuais e pessoas do conhecimento durante tanto tempo. Talento, creio eu.

    EL Co

  6. ALEXSANDRA SOARES

    BOM DIA PAULO, ASSISTI UMA PALESTRA SUA ONTEM PROMOVIDA PELA IBGM RECIFE, E FOI SENSACIONAL, VOCÊ FOI DE UMA SIMPLICIDADE IMENSA QUANDO ATENDEU A TODOS APOS A PALESTRA. GOSTARIA QUE QUANDO TIVESSE OUTRO EVENTO COMO ESTE DE FICAR SABENDO PARA PODER LHE PRESTIGIAR NOVAMENTE.
                       FOI O MÁXIMO:
    CAVERA! 

    COMO VOCÊ MESMO FALA, MISSÃO DADA É MISSÃO COMPRIDA, QUE ASSIM SEJA. BEIJOSSSSSSSSSSS………..

  7. Bom, sobre a chegada de uma nova cilziivae7e3o, achei aqui je1 de algum tempo a Vejam os trechos principais:Uma mudane7a de cilziivae7e3oPor Miguel Conde em 20/4/2010Como o senhor acredita que deve ser feita a transie7e3o de veedculos prestigiados como o El Paeds para a internet?J.L.C. – Os editores de jornais team um problema. He1 sinais preocupantes de que a imprensa este1 chegando ao fim. As circulae7f5es diminuem, a publicidade tambe9m.Creio que estamos cometendo um erro fundamental, de supor que exista um modo de transplantar o jornal para a web, e que por termos tido eaxito fora da web vamos ter tambe9m na web. A web e9 um fenf4meno totalmente diferente.Em que sentido?J.L.C. – A diferene7a fundamental e9 que um jornal e9 um universo fechado, onde da primeira e0 faltima pe1gina se oferece uma certa edie7e3o do mundo. He1 uma cumplicidade intelectual entre o leitor e o jornal. O leitor na web se comporta de maneira diferente. Vai do Globo ao New York Times e de le1 para o Pravda. c9 um ambiente aberto. Por isso me parece equivocada a ideia de transplantar os jornais para a web. Outra coisa e9 a utilizae7e3o das marcas. Isso ainda se este1 por ver, talvez possa funcionar.Outra diferene7a importante e9 que os sites team sistemas de medie7e3o de audieancia muito mais precisos e constantes do que os dos meios impressos. Isso cria novas pressf5es sobre a linha editorial, ne3o?J.L.C. – c9 verdade, e ne3o sei se isso e9 um problema. O que e9 certo e9 que a informae7e3o de qualidade este1 ameae7ada. Ne3o e9 fe1cil distinguir na web o que e9 rigoroso e verdadeiro do que e9 bullshit, como dizem os americanos. O problema e9 entendermos que estamos diante de uma mudane7a de cilziivae7e3o. Assim como os monaste9rios perderam o poder intelectual que tinham apf3s a aparie7e3o da prensa mf3vel, hoje o poder informativo ne3o e9 mais apenas dos jornais e editoras. A estrutura informativa como a conhecedamos pertence agora ao Antigo Regime. Ne3o digo que o novo seja absolutamente bom, e que a tradie7e3o seja totalmente rechae7e1vel. He1 valores que e9 preciso resguardar, como os direitos humanos, o direito e0 propriedade intelectual. Mas temos que reconhecer que mudou.Em seu livro o senhor cita uma frase dita pelo magnata da meddia Rupert Murdoch em 1980: nosso negf3cio e9 o entretenimento . Esse e9 um valor hoje muito defendido pelos consultores que fazem palestras sobre o futuro do jornalismo.J.L.C. – Nada e9 absolutamente novo na vida e toda revolue7e3o tem uma contrarrevolue7e3o nas tripas. O que trato de dizer e9 que o essencial e9 compreender essa mudane7a estrutural. Ne3o e9 saber se estamos diante de uma onda de trivialidade da informae7e3o ou ne3o. O problema e9 que antes uns emitiam e outros recebiam. c9ramos os se1bios que comunicavam aos ignorantes. Algo disso tem que ser mantido, e9 preciso que se possa distinguir as verdades de mentiras. Mas a queste3o e9 como devem se comportar, num mundo desintermediado , uma coisa chamada meios de comunicae7e3o.E como devem agir?J.L.C. – O primeiro que temos que fazer e9 reconhecer o que este1 acontecendo. Ne3o digo que os jornais ve3o desaparecer, mas digo que podem desaparecer. Para mim, o problema e9 estrutural. Na sociedade da comunicae7e3o, existe espae7o para jornalistas? Isso este1 relacionado e0 crise da democracia representativa. Hoje os prf3prios partidos poledticos desaparecem frente e0s iniciativas da sociedade digital, e os ledderes poledticos por sua vez buscam se relacionar diretamente com o povo. He1 uma tendeancia e0 democracia direta, plebiscite1ria. O que ne3o sei e9 o que3o democre1tica e9 a democracia participativa.E quanto e0 discusse3o sobre cobrar ou ne3o cobrar pelo contefado?J.L.C. – Je1 tivemos o modelo gratuito, o pago e voltamos ao gratuito. Para nf3s hoje a queste3o ne3o e9 cobrar ou ne3o cobrar, mas saber o que e9 um jornal na rede, e de que maneira levar as marcas para o mundo digital. He1 um fato que todos citam, mas poucos levam a se9rio: a economia da rede e9 uma economia de demanda, enquanto todos os meios de comunicae7e3o hoje este3o baseados numa economia de oferta. Os jornais se dirigem a um certo perfil geral de leitor, e ne3o ao leitor individualmente. Buscamos um modelo de edie7f5es personalizadas. Isso ne3o significa deixar de ajude1-lo e oriente1-lo. c9 complicado. Ne3o tenho as respostas. Ne3o sei sequer se tenho as perguntas. Mas creio que e9 muito importante tentarmos fazer as perguntas certas.

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