Entrevista de emprego, nada mudou… Ou mudou??!

Ontem li um artigo no Computerworld BR intitulado Tem mais de 40 anos? Filhos? Veja 9 itens que estão fora de moda em entrevistas de emprego.

Fiquei pensativo e passei a ruminar vários itens ali expostos.

Obviamente, não me considero o dono da verdade. Até aceito se você, querido leitor, discordar de mim em no máximo 20% (mais do que isso é sacanagem!!!).

O artigo indicado foi escrito por um profissional da Page Personnel, uma empresa de expressão mundial.

Mas…

Independentemente de onde venha sempre é bom exercitar o ceticismo – que pelo dicionário Houaiss é:

Doutrina segundo a qual o espí­rito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafí­sica, religiosa ou absoluta do real.

Seguir os outros sem ponderar os itens, faria eu apostar todas as fichas na dica da conceituada Thomson & Reuters que, através de seu app, apontou a Alemanha como a campeã da Copa da Rússia, notí­cia publicada no dia 26 de junho no Computerworld BR.

Só que no dia seguinte, 27, esta seleção perdeu de 2×0 para a Coreia do Sul e disse adeus ao campeonato.

Que tal?!

É ruim assumir que autoridades e nomes conceituados (inclusive o meu) sabem de tudo e por isso podemos seguir suas dicas de maneira incontestável.

OK, vejamos os tópicos do artigo com os quais me indisponho.

Faculdade de primeira linha

Era muito comum encontrar em anúncios de emprego que o candidato tivesse frequentado faculdade de primeira linha. Hoje, essa exigência já não existe mais e praticamente foi abolida pelos recrutadores. Não adianta nada o candidato frequentar uma faculdade de primeira linha e não ter uma entrega de primeira linha.

Não é a prática que se percebe na realidade.

Não se trata de solicitar faculdade de primeira linha, mas de valorizar a formação nela.

Eu – pessoalmente – não dou a mí­nima para onde o sujeito se formou, mas é inegável que o mercado ainda se pauta por isso. Até por que na ausência de fatores cientí­ficos mais decentes para contratar alguém (lembre-se, estou falando de nossa área, não da seleção de presidentes de empresa), vale o que se tem na mão.

O processo de seleção é algo importantí­ssimo dentro de uma empresa.

Contratar alguém incompetente para a função, acarreta infortúnios mil, entre eles:

  1. o sentimento de culpa do selecionador por ter feito uma escolha errada
  2. o cargo “vazio” que não é preenchido por alguém qualificado
  3. salários pagos e desperdiçados
  4. produtividade reduzida da equipe (alguém é obrigado a fazer o seu trabalho e do outro que não é adequado para a função)
  5. problemas polí­ticos pela incompetência do contratado

Atenção: quando escrevo incompetência não se trata de algo pejorativo. Apenas que a seleção foi malfeita e o sujeito escolhido não se ajusta ao necessário para executar as tarefas da função.

Daí­ que depois de toda essa escrita, a seleção, presumo eu ter deixado claro, é importante.

E com o que contamos para realizá-la? Com o currí­culo do candidato, com nossa experiência de vida, com algumas táticas conhecidas para realizar durante a entrevista, com testes psicotécnicos, com as psicólogas, etc.

Destaco: o currí­culo é o ponto inicial da avaliação.

Eu não dou muita bola para ele, mas que impacta, impacta. Se o sujeito fez vários cursos, sejam eles via EAD ou não, isso tem algum significado (que ele procura aprender, crescer?), seja para o bem, seja para o mal.

Pouco tempo num mesmo emprego

Um currí­culo com experiências profissionais de curta duração não era bem visto pelos avaliadores até pouco tempo. Entendia-se que essa pessoa não tinha estabilidade e por isso não permanecia no emprego. Hoje a avaliação precisa ser mais criteriosa.
Ora, pois.

Eu preciso avaliar o candidato para a vaga usando as ferramentas que tenho em mãos. Uma delas é o currí­culo do sujeito.

Se percebo que ele saltou de empresa em empresa, ficando apenas 3 a 4 meses em cada uma, que alerta é acionado dentro de meu cérebro?

Posso divagar um milhão de motivos decentes para ele ter feito isso (tem o dedo podre para selecionar empresas onde trabalhar, a crise – essa constante em nosso paí­s – fez com que as empresas o demitissem, nossa área de tecnologia promove oportunidades para pessoas competentes e ambiciosas e por aí­ vai.).

Mas é natural e lógico também pensar que o sujeito possa ter problemas de adaptação social em ambientes de trabalho ou onde exista uma hierarquia a ser respeitada.

Ou não?

Filhos

A gravidez já foi interpretada por muitas mulheres como interrupção na carreira, tamanha era a pressão para que elas não atrapalhassem suas atividades profissionais em decorrência da maternidade. “Não há mais essa mentalidade tanto de mulheres como do mercado. As empresas evoluí­ram e até estimulam suas profissionais por meio de programas e benefí­cios. O home office, a licença-maternidade, a flexibilidade de horário e outras ações ajudam a acolher e deixar a mulher mais segura diante da maternidade”, aponta o consultor.

Este é um assunto controverso, mas é importante que o gestor de suporte técnico consulte a candidata (ou candidato) com filhos recém-nascidos ou ainda em tenra hidade se existe uma rede apoio para eles.

O que significa isso?

Quando um filhote ficar doente, existe a possibilidade de deixar sob os cuidados de uma avó, mãe, tio ou coisa parecida para amenizar o impacto das possí­veis ausências?

É claro, existem empresas com culturas corporativas de inclusão do gênero feminino e que apoiam e suportam situações de ausências.

Mas nem todas são assim. Aliás, poucas em nosso universo nacional.

🙁

Ter 40 anos ou mais

Ter experiência já foi sinônimo de preocupação. Profissionais que atingiam os 40 anos sabiam que o fantasma da demissão rondava sua cadeira por ter atingido a faixa etária mais vulnerável a demissões. “Felizmente hoje, com o aumento da expectativa de vida, profissionais mais velhos e experientes frequentam e frequentarão o mercado de trabalho. É uma ótima notí­cia para contrastar com os tristes perí­odos onde somente mais jovens estavam aptos a trabalhar. Hoje os profissionais mais experientes são bem avaliados pelo mercado porque já passaram por crises, momentos adversos e situações de risco e pressão. A experiência deles ajuda bastante em momentos como esses. Não dá para contratar um jovem experiente”, analisa.

Sinceramente, nossa população ainda não é tão velha quanto Alemanha ou outros paí­ses desenvolvidos (lá não existe prioridade para idoso pelo simples fato que quase todos o são).

A demissão aos 40 anos ou mais acontece e rola solta no mercado brazuca.

Acho uma situação burra (yes, a expressão é burra!) por parte das empresas, pois o sujeito tende a ficar mais produtivo quanto mais velho for (conhece mais sobre a temática de suporte, de relacionamentos, etc.), mas a maioria das empresas acaba ridiculamente diminuindo sua produtividade geral em prol de um dispêndio menor de salário.

Este é um tema que Ricardo Mansur poderia dar 30 aulas (sobre o valor das cabeças brancas), mas…

O artigo em questão parece bordar uma realidade que, infelizmente, no Brasil não existe. Tenho vários conhecidos, alguns country managers de empresas de tecnologia conhecidas mundialmente, que foram trocados por jovens de 25-30 anos.

E claro, com salários bem menores e uma sedução do tipo “veja que empresa maravilhosa onde você poderá trabalhar”.

Boa aparência

Requisito comum e muito frequente em anúncios de emprego, hoje não é mais comum encontrar exigências como esta na hora de ofertar uma vaga de trabalho. “O que se espera de um profissional é que ele tenha boa apresentação. Que tenha postura, desenvoltura, articulação e comunicação. Solicitar um profissional com boa aparência soa até preconceituoso. É preciso diferenciar beleza de postura”, esclarece Trindade.

 

So sorry, man.

Não sei muito bem o que é “solicitar um profissional com boa aparência”, mas sei que se vier à entrevista vestido de camiseta regata e cabelos sujos, huahuahua, danou-se o sujeito.

Pode ser um House, mas vai emplacar uma indisposição inicial imediata.

A heurí­stica explica isso, não vou pedalar muito no assunto.

Até por que pedir “boa aparência” é algo muito subjetivo.

Bueno

Sexta-feira fria no CU (Centro do Universo – Porto Alegre).

Umidade alta, enorme cerração e a lareira acesa na sala desde as 14:30.

Saúde e sucesso a todos

Abrazon

EL CO

2 comentários em “Entrevista de emprego, nada mudou… Ou mudou??!”

  1. Parece eu tomando o milk-shake do Best Food…

    Quando tá quase no final, parece que é a melhor parte e então… Acaba 😐

    Abrazon

    EL CO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *