Coworking e o chato

Diabolicamente, a pandemia foi-se quase toda embora, mas deixou rastros infernais.

A moda agora é o trabalho híbrido. Mas não na empresa, no coworking.

Até eu aderi, porém com uma proposta diferente do que a realidade apresenta.

A primeira vez que visitei um coworking – wework – aqui em Porto Alegre foi uma emoção muito grande.  Gente bonita, ambiente quase Google (cerveja de graça!!!), mesas aos montes, internet rápida, decoração colorida, gente atenciosa na recepção, prédio moderno.

Fiquei fascinado.

Passar 12 horas por dia trabalhando no meu cantinho caseiro estava me deixando antissocial (deixando não, piorando; todo nerd desaparece ao natural dentro do monitor feito o filme Poltergeist em que a menina some dentro do tubo de TV… Ou seria O Chamado, sei lá).

Com a pandemia, voltei pra casa. E no final dela, retornei ao coworking.

Mas o mundo mudou. Antes, funcionava assim:

  • Empresas tinham “aquários” próprios com seus colaboradores lá dentro.
  • Quem não tinha área própria, se espalhava pelas mesas comunitárias.
  • Havia cabines de “telefonia” que, devidamente vedadas, permitiam que as pessoas realizassem chamadas, call, telefonassem, gritassem sem ninguém lá fora ouvir.

Dura realidade

Agora rola um terremoto que chacoalha as estruturas. Do respeito.

As empresas contratam aquários para apenas 2 colaboradores (são ambientes mais caros e servem apenas pra guardar os notebooks). Os outros 10 (ou 12) ficam na área comum.

Já não tem cabine pra todo mundo. Até por que antes o espaço comum era dos “nerds” (silêncio cemiterial). Agora é do gerente de vendas que grita, faz reuniões, “estimula”. Ele parece um graveto de enchente: para em tudo quanto é lugar para conversar, tagarelar (e com voz alta).

Pior, o pessoal do suporte técnico

E ainda tem o povo que presta suporte técnico no meio desse ambiente todo, o qual parece mais uma feira ou um baile funk. Sério?!

Um trabalho cognitivo que lida com investigação, diagnóstico, pesquisa, processo etc. no meio de um clima feito tumulto de passeata contra o corte de qualquer coisa, benefício, salário, ICMS baixo etc.

E eu pergunto: sério, senhor dono de startup, é isso que o senhor deseja para seus clientes?

Um analista de suporte desconcentrado, conectado com todos os ruídos e pessoas circulando ao seu redor? Com alguém que derruba o chá na mesa ao lado enquanto atende? Com o nerd que chega e atrapalha todo mundo com os cabos, suporte de notebook, monitor secundário e assim por diante?

E os vendedores ainda dizem que “o nosso diferencial é o suporte técnico”?

Pois a mentira é igual à carvão, suja e queima.

Sua danada

Pandemia, sua ordinária, você causou isso. Ou não. Foram os seres humanos que se “adaptaram”.

Ou eu que sou chato e sou do tempo que para ter produtividade era preciso foco.

Não adianta tentar dar nó em pingo d’água. Lá vou eu de volta pro meu quartinho.

Deu pra maio.

Vem junho, mês dedicado à deusa grega Hera (ou Juno em Roma). Aquela que protegia os casamentos e perseguia todas as amantes de Zeus.

Era tão bonito tudo isso, pena que o judaísmo e, em seguida, o cristianismo (ops, e o islamismo também) acabaram com os vários deuses.

Fui.

EL CO

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