Literatura lida no primeiro semestre de 2019 – parte 1

Salvem, sobrinhos e sobrinhas.

Este primeiro semestre foi bem atribulado. Continuei a produzir os videocursos para a plataforma 4HD.SPACE e a disponibilidade de tempo minguou para publicar no blog (“e nós com isso, Cohen?”).

Ainda assim mantenho a média de um artigo por semana.

Ao contrário de meu guru – Ricardo Mansur – que perdeu a linha e abandonou sua frequência. Mas deve ter lá seus afazeres e, não deixando de realizar sua habitual palestra nos cursos de Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk, conservo-me alegre.

Introdução

O primeiro aspecto que destaco na lista é: ela é eclética (que seleciona o que parece ser melhor em várias doutrinas, métodos ou estilos).

Escrevi em artigo anterior – Se ligue: não seja um lí­der! – a opinião de Eric McNulty sobre a importância de ser generalista. Quando se é gestor de suporte, o conhecimento precisa ir além de ITIL, COBIT, Cisco e outras tecnicidades necessárias.

A sua atividade envolve agora a capacidade de realizar analogias e trazer conhecimentos de outras áreas para alcançar resultados positivos dentro da sua seara: o departamento de Help Desk e Service Desk.

Feito tal esclarecimento, vamos às pequenas sinopses de cada livro que seguem apresentadas em desordem absoluta (ou não).

Ah, perdão… Essa é a parte 1, a segunda lista vem em alguns dias.

Quando

Quando, os segredos cientí­ficos do timing perfeito de Daniel Pink me recorda o filme Um bom ano com o Russell Crowe. Seu tio dizia que tudo na vida depende de timing. Virou um jargão aqui em casa.

O autor comenta que os seres humanos se dividem em três classes: cotovias, corujas e terceiros pássaros. É uma analogia feita com o mundo das aves. Algumas pessoas produzem melhor pela manhã (cotovia). Outras são notí­vagas como a coruja. E outras, intermediárias.

Por isso a tomada de decisões deve acompanhar momentos em que estamos mais despertos e menos cansados.

Claro, o livro explora isso de maneira mais completa, com ilustrações e detalhes. Inclusive indica perí­odos em que não precisamos estar muito atentos: naquelas situações em que o desejo é ser criativo.

Dá uma dica importante dele: tomar café antes da soneca de 20 min. A ideia da bebida é que ela leva esse tempo para fazer seu efeito estimulante no organismo. E a importância da soneca é reestabelecer nossas energias.

Por isso muito cuidado àqueles livros e artigos que dizem que “fulano de tal, bem-sucedido, acorda bem cedo e…” e imitá-los. Porque se você for do estilo “coruja” – produz melhor à noite – vai se quebrar feio.

O dilema do porco-espinho

O dilema do porco-espinho foi escrito pelo historiador e escritor Leandro Karnal. Vi um papo dele no programa televisivo da Ana Maria Braga quando buscava minha segunda rodada de café matinal (trabalho em casa) enquanto patroa assistia.

A mensagem principal, baseada na de Arthur Schopenhauer, é:

Somos uma espécie de porco-espinho. Por quê? O frio do inverno (ou da solidão) nos castiga. Para buscar o calor do corpo alheio, ficamos próximos dos outros. Efeito inevitável do movimento: os espinhos nos perfuram e causam dor (e os nossos a eles). O incômodo nos afasta. Ficamos isolados novamente. O frio aumenta, e tentamos voltar ao conví­vio com o mesmo resultado.

Daí­ surgem uma série de digressões de Karnal sobre um aspecto moderno: solidão.

Famí­lias com nenhum ou poucos filhos, os olhares positivos e negativos da solidão (e claro, redes sociais e os impactos dela) e assim vai.

Ironias do tempo

Ironias do tempo é obra do Luis Fernando Verissimo, o qual encontrei num boteco – Café Fon Fon – semana passada em Porto Alegre. Seu filho canta numa banda de jazz (o próprio escritor também toca um instrumento, mas não no conjunto musical do filho) e fiquei para assistir.

Bem, quem conhece o talento do Luis Fernando sabe que seus livros são cheios de graça e ironia. Reproduzem, de maneira inexorável, nosso cotidiano de todos os dias.

Vejam esse trecho que sacada:

“Plúmbeo”, por exemplo, quer dizer, oficialmente, relacionado com o chumbo, mas é óbvio que é o som de alguma coisa caindo na água, inclusive chumbo.

Fala sério, a palavra realmente não parece o som de algo caindo num lí­quido?

Como curar um fanático

Como curar um fanático de Amos Oz devorei em março de 2019 quando bombavam ofensas e agressões nas redes sociais dos pró Bolsonaro vs. todos os contra. Um radicalismo gigantesco grassava nas redes sociais e nos arrastava, querendo ou não, a esse redemoinho.

Pois Amos nasceu em Israel antes mesmo de ser Israel. É um escritor famoso e nesse livro apresenta maneiras de combater os fanáticos, sejam eles árabes ou judeus (ou bolsonaristas, ou anti-bolsonaristas).

Algumas frases essenciais:

  • Permitam-me sugerir que a curiosidade, juntamente com o humor, são dois antí­dotos de primeira linha ao fanatismo. Fanáticos não têm senso de humor, e raramente são curiosos.
  • O fanatismo muitas vezes origina-se na vontade imperiosa de modificar os outros pelo próprio bem deles. Com mais frequência do que o contrário, o fanático é um grande altruí­sta: está mais interessado em você do que nele mesmo.
  • Entre os antí­dotos para o fanatismo estão o humor, o ceticismo e a argumentatividade. Também uma certa propensão à jocosidade.
  • A Europa, que colonizou o mundo árabe, o explorou, o humilhou, tripudiou sobre sua cultura, o controlou e usou como um playground imperialista, é a mesma Europa que discriminou os judeus, os perseguiu, os atormentou e por fim os assassinou em massa num crime de genocí­dio sem precedentes.
  • O fanatismo está em quase toda parte, e suas formas mais tranquilas, mais civilizadas estão presentes ao nosso redor e talvez também dentro de nós mesmos. Conheço antitabagistas que queimariam você vivo por acender um cigarro perto deles! Conheço vegetarianos que comeriam você vivo por comer carne!
  • A essência do fanatismo reside no desejo de forçar outras pessoas a mudar. A inclinação comum para fazer seu próximo melhorar, ou para corrigir sua esposa, ou para direcionar seu filho, ou para endireitar seu irmão, em vez de deixá-los serem como são. O fanático é a menos egoí­sta das criaturas.

Força de vontade não funciona

Benjamin Hardy escreveu Força de vontade não funciona.

Benjamin é um psicólogo organizacional e a ideia é dar um jeito na sua própria vida sem precisar contar com tal conceito “força de vontade”, tão explorado em inúmeros livros de autoajuda e agora em mensagens no Linkedin.

O autor instrui que é preciso fazer mudanças pequenas, mas significativas, em nosso no dia a dia. Focar em si próprio, aperfeiçoar nosso ambiente – senão esse toma conta da gente – e nossa mentalidade, definindo atitudes simples capazes para ir na direção da felicidade e do sucesso.

Daí­ a ideia de não se tratar de força de vontade, mas de mudanças de hábitos.

Meu caso, por exemplo:

Toda noite devorava uma barra de chocolate inteira (yeah, essas horrorosas com gosto de gordura de manteiga). Assim, qual a mudança necessária para não precisar contar com força de vontade?

Não ter mais chocolate em casa. E instalar uma fruteira na mesa da sala com maçãs, bananas e laranjas. Quando o monstro devorador desperta na calada da noite, se depara apenas com frutas, para sua imensa frustração. Mas as come, claro.

Judaí­smo para todos

Judaí­smo para todos é obra do sociólogo Bernando Sorg.

Além de fazer um repasse histórico sobre a religião, como os rabinos trabalharam a mesma para chegar ao que é hoje, com decisões pra lá e pra cá e muitas vezes contraditórias entre eles, também aponta uma questão interessante: será judeu quem o desejar.

Os rabinos ortodoxos apontam apenas uma forma de ser judeu: ter nascido de ventre judeu (ou seja, se a mãe era judia que por conseguinte deveria ter nascido também de uma mãe judia até o iní­cio dos tempos).

Bernardo diz que não é menos judeu quem se converte, por exemplo. Ou quem não professa a religião, mas nasceu em famí­lia judia.

Pra quem é evangélico, judeu ou apenas curioso, vale a pena a leitura. É light e nos traz luz sobre as manipulações que os rabinos fizeram com o passar do tempo, os dois grupos de judeus existentes na diáspora (dispersão dos judeus pelo mundo afora): os sefaradim e os askenazim e por aí­ vai.

O monte do Mau Conselho

O monte do Mau Conselho é também de Amos Oz que já citei.

O livro se passa numa época em que era criança e habitava Jerusalém, dominada pelos ingleses.

Conta as peripécias que aconteciam com os moradores, como conseguiam dissimular e esconder os movimentos revolucionários da época através de personagens pitorescas e curiosas.

Ilustra as expectativas e frustrações do menino ingênuo que ouve os pais falarem da Europa com melancolia e tem fantasias delirantes de expulsar os britânicos. Claro, tudo somado ao Holocausto e a formação do Estado de Israel.

As seis lições

As seis lições de Ludwig von Mises é uma coletânea de palestras realizadas por ele em 1959 na Universidade de Buenos Aires.

Como estamos em tempos de neoliberalismo, liberando tudo (ontem foi aprovada a lei da Liberdade Econômica no Congresso Nacional), reduzindo o tamanho do Estado e tal, decidi ler.

O autor apresenta conceitos do capitalismo, o socialismo, o intervencionismo, a inflação, o investimento estrangeiro e as relações entre polí­tica e ideias.

O livro é curtinho e tem passagens legais. Vai uma, senão esse artigo ficará gigantesco.

Certas expressões usadas pelo povo são, muitas vezes, inteiramente equivocadas. Assim, atribuem-se a capitães de indústria e a grandes empresários de nossos dias epí­tetos como “o rei do chocolate”, “o rei do algodão” ou “o rei do automóvel”. Ao usar essas expressões, o povo demonstra não ver praticamente nenhuma diferença entre os industriais de hoje e os reis, duques ou lordes de outrora. Mas, na realidade, a diferença é enorme, pois um rei do chocolate absolutamente não rege, ele serve. Não reina sobre um território conquistado, independente do mercado, independente de seus compradores.

O rei do chocolate — ou do aço, ou do automóvel, ou qualquer outro rei da indústria contemporânea — depende da indústria que administra e dos clientes a quem presta serviços. Esse “rei” precisa se conservar nas boas graças dos seus súditos, os consumidores: perderá seu “reino” assim que já não tiver condições de prestar aos seus clientes um serviço melhor e de mais baixo custo que o oferecido por seus concorrentes.

Darwin sem frescura

Darwin sem frescura é um livro de dois autores brasileiros, Reinaldo José Lopes e Pirula.

Ao contrário do que parece, não é tão simples a leitura.

Tentei, tentei – e olha que sou teimoso – ler; fui até quase 1/3 do livro, mas não aguentei.

Caí­ prostrado e desisti. Talvez você tenha melhor sorte ou aptidão.

Buáá… Detesto comprar um livro e depois me desencantar, bater aquela decepção com o investimento e com a esperança de boa leitura.

Don’t make me think

Don’t make me think é um livro do designer Steve Krug. Li a obra quando criava o curso Base de Conhecimento para Help Desk e Service Desk (34 videoaulas – 04h34min) da plataforma 4HD.SPACE.

A mensagem principal que tange à arquitetura da informação de um site ou software, é clara: não obrigar o usuário pensar.

Cada vez que ele precisa pensar, há um esforço cognitivo que pode levá-lo embora do seu site. Vale para botões de clicar que não parecem botões e o usuário precisa decidir isso até um sem fim de desgraças que programadores e criadores de sites fazem para serem mais criativos (ou preguiçosos).

Daí­ tanta gente ganha dinheiro refazendo sites e aplicativos, aperfeiçoando a usabilidade e produzindo coisas…

Óbvias. Mas que só ficam assim por intervenção externa.

Filosofia: E Nós Com Isso?

Filosofia: E Nós Com Isso? é do Mario Cortella. Antes um filósofo, hoje também palestrante reconhecido em todos os cantos brasileiros e até no Instagram (isso é lugar de filósofo?!).

O nome da obra diz tudo: por que a filosofia é importante para o nosso dia a dia? Bem a explicação do autor reafirma:

Filosofia é um modo de pensar — sistemático, organizado e metódico com questões precisas daquilo que se faz — para indagar sobre os porquês. E “por que” não é “como”. Quem pergunta pelo “como” é a ciência.

Vale essa também:

Essa é uma das marcas que faz com que Sócrates seja uma referência do pensamento filosófico. A esse pensador grego do século V a.C. é atribuí­da a frase: “Só sei que nada sei”. Ao proferir essa fala, Sócrates evidentemente não estava afirmando que nada sabia, de fato. Filósofo por excelência, ele estava tentando explicitar uma condição mais abrangente e profunda. O sentido dessa afirmação poderia ser interpretado como “só sei que nada sei por inteiro”, “só sei que nada sei por completo”, “só sei que nada sei que só eu saiba”, “só sei que nada sei que não possa vir a saber”, “só sei que nada sei que eu e outra pessoa não saibamos juntos.

Quantos sabichões e gurus de ITIL, COBIT, Six Sigma e muito mais poderiam reler esse parágrafo acima, hein?

Destaco, antes que venham pensamentos maléficos à sua mente:

Em todos os meus cursos presenciais declaro no principio que não sou o dono da verdade. E isso me leva ao mesmo patamar que os alunos. A única diferença, talvez, é que passei por mais experiências que eles.

Lembrete

De cursos, claro.

Afinal é a maneira que o tio sobrevive: transmitindo conhecimento a vocês.

27-28-29 de agosto agora ocorre o Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk em São Paulo, atrás do Shopping Paulista. Horário de expediente normal, saindo um pouco antes pra evitar a correria paulistana.

Vai desperdiçar essa chance de arrumar este seu Help Desk bagunçado?!

13 de setembro, em Porto Alegre, o Formação do Analista de Help Desk e Service Desk por R$ 365 (raras edições abertas, uma barbada), o dia inteiro comigo ali no prédio do SENGE.

Visite www.4hd.com.br/calendario para maiores informações

Dados os recados, see you, brothers and sisters.

EL CO

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