Literatura lida de março a agosto-2017

Afastamento temporário de Gamification…

Em 2016 li mais de 15 livros de Gamification para embasar meu próprio livro sobre o tema, contextualizando-o em Help Desk e Service Desk.

E faço questão em destacar que é o meu primeiro multiplataforma: existe no meio fí­sico e em formato ebook para Kindle, Kobo, Google e Apple.

Maiores detalhes aqui

Meu cérebro extenuado e prostrado diante de tanto conteúdo sobre games, estratégias, mecanismos de motivação e tópicos associados, exigiu uma escapadela para outros temas.

Vamos ver tudo que li em 2017 (fora os já comentados aqui).

A incrí­vel viagem de Shackleton

OK, esse é uma narrativa relacionada ao capitão Sir Ernest Shackleton que, em 1914, decide levar seu Endurance via Atlântico Sul para cruzar o continente Antártico, passando pelo Polo Sul.

Só que pouco antes de alcançar seu primeiro ponto de partida no Polo, o Endurance fica preso no gelo e acaba destruí­do pela pressão lateral no seu casco.

Por quase seis meses, Shackleton e sua tripulação sobrevivem em placas de gelo até que iniciam uma tentativa de volta à civilização usando os botes salva-vidas. Com recursos escassos, o desafio de sobrevivência era imenso. Era comer foca, foca e… Foca.

Após quase dois anos do iní­cio da viagem, Shackleton conseguiu que todos marinheiros retornassem com vida.

É um bom livro para estudar liderança e o Diego Andreasi fez uma ótima resenha do assunto neste link: A incrí­vel viagem de Shackleton.

Cabe destacar que o capitão não era uma figurinha fácil de lidar, apesar de ser respeitado por todos, hehe.

Por que engordamos e o que fazer para evitar

Yes. A gente envelhece e começa a se preocupar com coisas jamais pensadas. Engordar é uma delas. Meu resumo alcançou 31 páginas de Word!!

O autor, Gary Tobes, contesta os padrões saudáveis de alimentação: evitar gorduras, comer grãos etc.

Afirma que os criminosos no pedaço são os carboidratos de fácil digestão: os refinados, incluindo farinha e cereais em grãos, vegetais ricos em amido, como é o caso das batatas, e açúcares, como sacarose (açúcar refinado) e xarope de milho rico em frutose.

Ele é jornalista e muito bom nos argumentos.

Foi assim que Wade me explicou: o animal não engorda porque come demais, ele come demais porque está engordando. A causa e o efeito estão invertidos. A gula e a preguiça são efeitos do processo de engordar. São causadas, fundamentalmente, por um defeito na regulação do tecido adiposo do animal.

Os carboidratos de fácil digestão saciam a fome por poucas horas e em seguida, provocam o organismo a comer mais (e claro, o que vem é bolacha e outros carboidratos).

Barriga de trigo

Fiquei curioso com o assunto de trigo, carboidratos e fui atrás.

William Davis, cardiologista, aposta mais especificamente no trigo como o grande culpado de boa parte da obesidade mundial. Afinal, quase tudo que comemos — massas, bolachas, docinhos e tudo o mais — tem trigo no assunto.

O trigo moderno para ser resistente às pragas e uma série de outros inimigos (intempéries, etc.) foi modificado geneticamente em seu tamanho e em outras caracterí­sticas.

Ao contrário do seu ancestral, é mais rápido de digerir internamente e provoca a estimulação do apetite; a exposição do cérebro a exorfinas (equivalentes às endorfinas, produzidas internamente); picos exagerados de açúcar no sangue que acionam ciclos de saciedade alternados com um aumento do apetite – a glicação, processo por trás de algumas doenças e do envelhecimento “; inflamações e alterações de pH (provocam o desgaste de cartilagens e prejudicam os ossos) e a ativação de distúrbios nas respostas imunológicas.

Uma complexa série de enfermidades resulta do consumo de trigo, desde a doença celí­aca, enfermidade intestinal desencadeada pela exposição ao glúten, até uma variedade de transtornos neurológicos, diabetes, doenças cardí­acas, artrite, estranhas urticárias e os delí­rios incapacitantes da esquizofrenia.

Uauuuuuuuuu…

Bandidão às ganhas, segundo William.

Sem dúvida, o açúcar e outros carboidratos também devem ser considerados. Em outras palavras, se você eliminar o trigo, mas beber refrigerantes açucarados e comer barras recheadas e salgadinhos de milho todos os dias, estará anulando a maior parte do benefí­cio de perda de peso resultante da eliminação do trigo.

Entretanto, a maioria dos adultos já sabe que evitar refrigerantes gigantes e sorvetes é uma parte necessária do esforço de perder peso.

Evitar o trigo é que parece antinatural.

O trigo é o dono da bola, o chefão entre os carboidratos. Bêbado, com mau hálito, sem tomar banho e ainda com a mesma camiseta da semana passada, o trigo é alçado à categoria especial de “saudável grão integral”, “carboidrato complexo” e “rico em fibras” por todos os órgãos oficiais que dão conselhos sobre dietas.

Não vou citar o resto.

Leia. E surpreenda-se.

O Estoicismo Hoje: Sabedoria Antiga para a Vida Moderna

Taí­ um ramo da filosofia muito mal-entendida pela população em geral.

Boa parte associa seus defensores ao pessoal que prefere morar dentro de um barril ou abrir mão do luxo.

Não é nada disso. Vai um resumo da obra e seus valores básicos:

  • Valor: a única coisa verdadeiramente boa é um estado mental excelente, que se identifica com a virtude e a razão. Apenas isto pode garantir a felicidade. Fatores externos, como dinheiro, sucesso, fama e coisas do gênero nunca poderão nos trazer felicidade. Embora não haja nada de errado nesses fatores, que inclusive têm algum valor e podem bem fazer parte de uma boa vida, muitas vezes a busca por eles efetivamente danifica a única coisa que pode nos trazer felicidade: um estado mental racional e excelente.
  • Emoções: nossas emoções são produtos dos nossos julgamentos, da ideia de que algo bom ou ruim está acontecendo ou prestes a acontecer. Mudando os julgamentos, mudam as emoções. A despeito da imagem comum, o estoico não reprime ou nega suas emoções; na verdade, almeja não ter emoções negativas desde o iní­cio.
  • Natureza: os estoicos creem que devemos viver em harmonia com a natureza. O que querem dizer com isso, em parte, é que devemos reconhecer o fato de que somos apenas uma pequena parte de um todo maior, orgânico, modelado por processos maiores que, em última análise, estão fora do nosso controle. Não se ganha nada tentando resistir a esses processos maiores, exceto raiva, frustração e desilusão.
  • Controle: como vimos, há coisas sobre as quais temos controle (nossos julgamentos, nosso próprio estado mental) e outras que não controlamos (processos e objetos externos). Grande parte da nossa infelicidade é causada por confundirmos essas duas categorias: por crermos ter controle sobre o que, em última instância, não controlamos.

Não adianta se preocupar com o que não temos controle (a economia do paí­s, o comportamento do vizinho, etc.). É o que é.

Somos um cão atrelado a uma carroça que segue seu caminho. Podemos esbravejar, resistir e chegarmos ao final todo esfolado. Ou tentar seguir o caminho da melhor maneira possí­vel.

Marcus Aurelius, um dos imperadores de Roma (e que aparece no iní­cio do filme Gladiador interpretado por Russel Crowe) era um partidário do estoicismo. E usufruí­a de todo o luxo disponí­vel. Mas não se apegava a ele. Sabia que assim como veio, um dia poderia ir embora.

Homo Deus — uma breve história do amanhã

Yuval Harari já escrevera um outro best-seller chamado Uma breve história da humanidade com impacto impressionante.

Veio às prateleiras de livrarias novamente para criticar as ações humanas na tentativa de se igualarem a Deus.

Em especial na busca da felicidade e da imortalidade através da engenharia biológica, cibernética e de seres não orgânicos.

Eu achei de especial interesse quando ele escreve sobre sua visão de futuro: o que vem pela frente é uma projeção um tanto nefasta, assim como Bill Gates, Musk e outros que contestaram sobre inteligência artificial.

Os liberais defendem os livres mercados e as eleições democráticas porque acreditam que todo humano é um indiví­duo único e valioso, cujas livres escolhas são a fonte definitiva da autoridade. No século XXI, três desenvolvimentos práticos podem tornar essa crença obsoleta:

1) Os humanos perderão sua utilidade econômica e militar e, em decorrência, o sistema econômico e polí­tico deixará de lhes atribuir muito valor.

2) O sistema ainda dará valor aos humanos coletivamente, mas não a indiví­duos únicos.

3) O sistema ainda dará valor a alguns indiví­duos únicos, mas estes constituirão uma nova elite de super-humanos avançados e não a massa da população.

As coisas estão ficando dark.

Se debatermos e chegarmos a um acordo em grande amplitude mundial para controlar o mau uso da inteligência artificial, alguém que não faz parte deste acordo o fará (Coreia do Norte, terroristas, etc.).

Ou seja, não tem controle.

Em seguida ele passa a discutir como os algoritmos dominarão o mundo e a nova religião (dataí­smo) emergirá onde só o que vale são os dados. Ulalá, não quero estar por aqui ainda nesta época.

Mitologia nórdica

Neil Gaiman é um autor literário superfamoso. Entre suas obras está o livro Deuses Americanos que atualmente está sendo convertido para uma série de televisão.

Quando li o livro Deuses Americanos não entendi muito bem por que alguns deuses (eles estão sendo substituí­dos pela adoração à tecnologia na história do livro) se comportavam de um jeito ou de outro.

Agora compreendo por que Odin tem apenas um olho, como Thor ganhou seu martelo, qual é a o do seu irmão Loki e assim por diante.

Neil resolveu escrever sobre os deuses depois de ter feito extensa pesquisa para o seu livro e também por que era fascinado por estas histórias quando jovem.

Nós, ocidentaism estamos habituados com mitologia greco-romana. Alguma coisa com a indí­gena, mas quase nada com a dos nórdicos.

Leia. É rápido e contado através de histórias, o que torna mais agradável a leitura.

Rethinking Gamification

Uma obra que faz uma revisão teórica das questões envolvendo Gamification.

Quase todos os escritores (e os textos) são cientistas. E eu confesso que, em certos (muitos) momentos fiquei embrulhado (ou empacado) diante dos conceitos apresentados.

O livro está dividido em seções: uma introdução (uma revisão propriamente), história, aplicações, contextualização, oposição (yep, argumentos contra), refazimento do modelo atual de gamification e assim por diante.

Bogost é extensivamente citado (ele foi o sujeito que declarou que transportar os mecanismos de games para outro contexto era uma deturpação do conceito básico, além de também ter explorado a ideia de exploitationware – uso dos mecanismos para exploração da mão-de-obra envolvida).

Não é literatura de fácil leitura. Ainda mais em inglês.

Mas é obrigatória para aqueles que desejam se tornar profissionais da área.

Contágio, por que as coisas pegam

Jonah Berger é professor de marketing na Warthon School, uma área da Universidade da Pensilvânia dedicada a negócios e administração.

Segundo ele, a viralidade não nasce ou surge, ela é produzida!

E se assim for, você pode fabricar os seus memes.

Os pontos básicos de Berger para que algo se torne viral são:

  1. MOEDA SOCIAL – As pessoas gostam de parecer espertas em vez de burras, ricas em vez de pobres e assim por diante. Saber de coisas bacanas faz as pessoas parecerem antenadas (e recomendam, claro).
  2. GATILHOS – São aqueles momentos ou estí­mulos que nos lembram dos produtos ou de coisas similares.
  3. EMOÇÃO – Quando nos importamos, compartilhamos. Em vez de martelar sobre a função do produto, é melhor enfocar as sensações. Como um sujeito que liquidificou um iPhone para mostrar como o seu liquidificador era resistente. Katzo, um iPhone?! Emociona, não?
  4. PÚBLICO – As pessoas conseguem ver quando os outros estão usando o nosso produto ou se engajando no comportamento que desejamos? Sem sacanagem, mas “o macaco vê, o macaco faz” é valioso, pois aquilo que o pessoal realiza, pensamos em imitar (minha vizinha comprou o celular da maçã por que ele é bom e seu cardiologista tem).
  5. VALOR PRÁTICO – As pessoas gostam de ajudar aos outros; assim, se pudermos mostrar que nossos produtos ou ideias poupam tempo, melhoram a saúde ou economizam dinheiro, elas passarão adiante a mensagem.
  6. HISTÓRIAS – As pessoas não compartilham ideias, compartilham histórias. O grande lance é construir cavalos de Troia onde o produto ou serviço está embutido naquilo que a pessoa conta.

It’s up. Muito bom.

Filosofia para corajosos, pense com a própria cabeça

Este é um livro do controvertido filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé.

Independente de muita gente concordar ou não com ele, confesso que me alinho com muitos de suas reflexões. Em especial a sucessiva martelagem que realiza no “politicamente correto”.

Leia um trecho:

Está na moda gente bonitinha falar que os mais jovens estão mudando seus valores para com o trabalho. Bobagem: jovens com grana podem, ainda bem, escolher o que fazem. É só isso. E como tudo hoje vira um statement (uma afirmação “de valor”), fica bonitinho na fita posar de “nova consciência” na relação com o trabalho.

Não existe nova consciência com o trabalho; existe gente que pode escolher o que faz porque tem grana, e existem profissionais que pregam em empresas (e ganham uma puta grana com isso) que há, sim, uma nova consciência para fazer os coitados esmagados pelo cotidiano corporativo acreditarem que conseguirão um dia escolher o próprio trabalho — dificilmente conseguirão.

Esses gurus corporativos são uns mercadores de esperança barata.

Ele debate questões como o estouro da previdência (por que isso aconteceu), o envelhecimento mórbido da humanidade (exceto se o idoso tiver dinheiro, aí­ não, passa a ser a melhor idade e outros eufemismos),

Mais frases:

Os religiosos têm uma história maior de violência do que de paz, mesmo que em nome do amor de Deus e sua verdade.

Já no iní­cio do século XX, Aldous Huxley escreveu o maior panfleto antiutilitário conhecido, Admirável mundo novo. Sua distopia de um mundo perfeito é, até hoje, me parece, o que há de melhor em calcular os resultados de uma sociedade que faria a opção pelo racionalismo utilitário de forma definitiva. Nesse admirável mundo novo, a perfeição de uma sociedade que eliminou o contraditório mostra, ainda que de modo caricatural, seus efeitos colaterais danosos. Seres humanos que optam por uma vida perfeita acabam escravos dessa perfeição.

A riqueza material de nosso mundo nos condena ao crescimento alucinado de nossas necessidades e nossos desejos.

Feito. Senão copiarei todo o livro aqui, hehe.

A arte dos negócios, frases e ideias imperdí­veis sobre o mundo empresarial

Outro de tantos livros de citações, mas este especí­fico de negócios. Organizado por Bill Ridgers. Claro, o que vale nele são as citações.

Seguem algumas:

  • Administração tem a ver com seres humanos. Sua tarefa é tornar as pessoas capazes de agir em grupo, para tornar suas forças eficazes e suas fraquezas irrelevantes. (PETER DRUCKER)
  • O melhor executivo é aquele sensato o bastante para escolher bons homens para fazer o que ele quer que seja feito, e conter-se para não se intrometer enquanto eles o estão fazendo. (THEODORE ROOSEVELT, presidente dos Estados Unidos)
  • Cobre menos, mas cobre. Do contrário, você não será levado a sério, e não fará nenhum favor aos demais artistas se aviltar o mercado. (ELIZABETH ASTON, escritora)
  • Se acha que seu chefe é estúpido, lembre-se: você não teria um emprego se ele fosse mais inteligente. (JOHN GOTTI, gângster)
  • Não é o patrão que paga os salários. Os patrões apenas controlam o dinheiro. Quem paga os salários é o cliente. (HENRY FORD, industrial)
  • Minha fórmula para o sucesso? Levante cedo, trabalhe até tarde, encontre petróleo. (JEAN PAUL GETTY, magnata do petróleo)

A revolução dos bichos

Bah…

Livrinho danado.

Foi escrito por George Orwell em 1944 para ironizar a revolução russa, onde existiram dois partí­cipes: Trostky e Stalin.

Os bichos aplicam um golpe contra o dono da fazenda. Encabeçados pelos porcos, todos trabalham em total harmonia até que…

Pouco a pouco os porcos assumem as responsabilidades de comando. E com isso algumas regalias.

Num dado momento Napoleão – Stalin “, o mais violento dos porcos, persegue seu companheiro boa-praça inventando vários motivos. Claro, fica no poder o mais violento. E pouco a pouco denegre a imagem do expulso junto a população de animais da fazenda.

Passa um tempinho e inicia a fazer negócios com humanos (uma das leis da revolução era que “duas pernas é ruim”). Mas Napoleão coloca ví­rgulas nas leis, hehehe.

Muito dez. Recomendo a leitura. Até por que se parece muito com o Brasil de hoje.

Sério mesmo.

Como consigo ler tanto (se é que é tanto)

Fiz outras leituras, mas não achei interessante publicá-las. Tampouco as que iniciei e desisti por que não me atraiam.

Mas o fato é o estabelecimento de rotina. Todos os dias, pela manhã, antes do povo caseiro acordar, uma hora de leitura obrigatória. E claro, dentro de aviões, aeroportos, hotéis, etc.

🙂

Abrazon a todos!

Destaco o curso de GESTÃO DE SERVIÇOS PARA HELP DESK E SERVICE DESK do final de outubro, em São Paulo: das 9 vagas restam apenas 3.

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Feito.

EL CO

 

1 comentário em “Literatura lida de março a agosto-2017”

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