A chapter by day

Monólogo interior, sofrido e lamurioso,  by Cohen numa quinta-feira de cinzas

Cá estou eu numa quinta-feira, pós-feriado. Engajado num objetivo estúpido de concluir um capí­tulo por dia desse infindável livro sobre gestão de suporte técnico. O que inicialmente gerava prazer em escrever, escrever, escrever, agora me escravizou de tal maneira que uma aflição me abraça das pernas até a cabeça.

Um novo e finalí­ssimo prazo é o Congresso Internacional do HDI em maio. Um cronograma ao contrário mostra que preciso concluir tudo até final de março, para deixar abril correr em função das revisões e maio para a impressão do livro. Sei que isso é uma piada. Olho para o horizonte e vejo abril se aproximando de carona no vento. Na verdade, numa tormenta, hahaha. Gostei do jogo de palavras (tormento x tormenta).  Olhei rapidamente pela manhã e percebi vinte capí­tulos pendentes de conclusão. Cheiro de feijão queimado. Visão de um entrecot queimado, feito sola de sapato. Sem falar que depois preciso conversar com o Cláudio para identificar os cartuns mais adequados para cada. E os trechos de samba que tenham a ver com cada texto. Em último caso, apelo ao Arthur de Faria. E a minha filhadaputí­stica (será proparoxí­tona?) revisão obsessiva de reler em voz alta todo o texto, verificar o uso excessivo de expressões em cada capí­tulo, remover todas as expressões que não produzem bosta alguma de significado (já, algum, que, isso, precisa, vai etc.).

Dois recentes capí­tulos concluí­dos ficaram legais: Geração Y e Cultura Organizacional. Empaquei agora em Psicologia Social. Um gestor que desconhecer isso baterá uma no prego, outra no dedo. É ruim, hein?!  E eu não posso deixar essa gurizada cheia de tesão fazer isso. Ainda tenho que pedir permissão aos amigos citados no texto para incluir seus nomes. Como só os coloquei em cases de sucesso, espero que topem. E pedir às duas feras para fazerem a apresentação do livro. Um sabe, o Mansur. O outro ainda não tem conhecimento desse convite. Vou ter que ir a Sampa e pagar um vinho.

A cirurgia da vesí­cula no dia 02 aliviou um pouco a tensão. Encontrei uma desculpa para a ociosidade. Problema: os resultados é que contam. Será que sem a vesí­cula vou sentir aquele gosto de bí­lis ou o fí­gado tomará conta do recado num próximo e raro vômito? Katzo, não posso ainda nem comer chocolate. Quero minha vesí­cula de volta. Se eu ainda morasse no antigo apartamento. Tinha um gabinete só pra mim meu. Troquei por esse outro com garagem, churrasqueira, lareira, mas tenho que digitar na sala! Enquanto todo mundo assiste televisão.

‘trocentos livros me rodeiam. Parecem umas sereias. Começo a pinçar um texto de cada um, esmiuçar, refletir e putaquepariu, fugi do livro. Preciso me amarrar ao mastro como fez Ulisses. Essa coroa de cristo parece pesar 300 kgs na minha cabeça. Semana que vem choverão  ligações de clientes. O cotidiano me dominará again e usurpará as forças do meu objetivo: concluir o livro. Rá, dizem que alguns escritores começam a escrever numa tocada, varam noites e saem com o livro pronto. Duvido, mas até aceito. Mas eu não.

Acho que projetei especificações exageradas pro meu projeto: ter citações de terceiros, cartuns, parágrafo de abertura em cada capí­tulo, dialogar com o leitor, inserir histórias e fábulas, citar sambas etc. Animal, logo você que ensina como as boas ideias podem sucumbir por falta de execução?

Mas me apego sempre a uma coisa: esse filhote levará o selo COHEN. Isso tem valor. Pra mim. É preciso que eu o fite ao final e diga: puxa, você ficou duca, júnior.

See you.

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