Catástrofe administrativa

foto de Werther Santana/Folha de São Paulo de passageiros em aeroportos

Cheguei ontem de São Paulo.

Por sorte, mas pura sorte mesmo, embarquei às 15:30. Por que se fosse um pouco mais tarde, provavelmente dormiria no aeroporto de Congonhas. Como já dormira no dia primeiro de novembro no aeroporto de Cumbica, em viagem de Porto Alegre para Recife.

Semana que vem, na véspera da Páscoa, minha filha voltará de Sampa para Porto Alegre(?). Espero.

É literalmente uma vergonha administrativa o que acontece.

Há seis meses rola essa situação que parece copiar o livro “Crônica de uma morte anunciada” de Gabriel Garcia Márquez.

Os porquês podem ser os mais variados possí­veis: equipamentos com problemas, controladores em greve, empresas aéreas sacaneando, indisciplina, etc, etc, etc.

Mas nisso tudo uma coisa fica evidenciada:

INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA.

No sentido de lidar e administrar essa situação buscando um resultado que agrade a todos. Ainda que negociado. Ou como Reagan fez em 1981: demitindo TODOS os grevistas. Mas resolvendo.

Eu vi – não me contaram – crianças dormindo e jogadas no chão. Senhoras de idade abandonadas e sem assistência médica, tampouco uma cadeira de rodas. Um calor dos infernos. As salas de espera super-populosas, com gente escorando-se em gente.

A raiva contida em nome da civilidade.

A incapacidade de uma população inteira de se revoltar e bancar a ovelha enquanto lhe tosam o pelo, a carne, etc. Se fosse na briosa Argentina, já teriam quebrado tudo e feito o governo se mover a toque de caixa.

Obviamente, a cadeia hierárquica aponta para nosso presidente da república. Depois de um mar de corrupção onde “nada sabia“, desta vez não tem como dizer que desconhecia os fatos.

Pior, o horror dos horrores: ontem um senhor morreu em Curitiba. Teve um infarto dentro do aeroporto.

Quem pode valorar uma vida?

Que yerda é essa de governo eleito que fica, junto conosco, embasbacado e assistindo toda essa confusão?

Semana que vem minha filha virá a Porto Alegre. Será?

Dia 15 de abril irei a Sampa? Será?

Que yosta de governo eleito é esse? Que deveria tratar das coisas comuns para a população e que só lida com viagens internacionais, chama os maiores devedores do governo de heróis, negócios com paí­ses do quarto-mundo, renovação da CPMF e esquece da gente?

Please, Lula: não aponte nenhum candidato à reeleição.

E dê um jeito nesta zona. Já!

Desabafo de um cidadão que já não agí¼enta tanta incompetência.

El Cohen

—–

Complementação em 8 de abril de 2007: Ao menos, não sou só eu que penso assim:

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, DOMINGO, 8 DE ABRIL DE 2007
Especialista culpa presidente pelo caos aéreo

Para solucionar a greve dos controladores de vôo, que paralisou 49 aeroportos do paí­s, o governo federal quebrou a hierarquia dentro da Aeronáutica e negociou diretamente com os profissionais amotinados. A avaliação foi feita neste sábado pela cientista polí­tica Lúcia Hippólito. Segundo a especialista, o presidente Lula cedeu aos pedidos dos grevistas e desconsiderou a posição das Forças Armadas, que pretendia punir os culpados e resolver internamente a rebelião, já que 80% dos controladores de vôo são militares. Além da crise no setor aéreo, que segue há seis meses, a iniciativa de Lula, disse, criou tensão entre o governo e a Aeronáutica, que é responsável pelo controle do espaço aéreo.

Lúcia destacou que o problema resulta da má condução do conflito pelo presidente Lula. Afirmou que a gravidade da situação é ainda maior do que os problemas de corrupção enfrentados no primeiro mandato, pois decorre da péssima polí­tica de gestão do setor e da falta de capacidade do presidente para administrar a crise. ‘Lula sabe fazer negociação sindical, mas nunca gerenciou nada. Ele não tem experiência e isso ficou comprovado agora’, disse. Lúcia destacou ainda que o caos aéreo se agravou porque o presidente está sozinho na articulação polí­tica. Ela lembrou que, no primeiro mandato, Lula contava com o apoio dos ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e da Fazenda Antonio Palocci, que negociavam em nome do Palácio do Planalto nessas situações. ‘O presidente não está sabendo fazer a articulação polí­tica correta para resolver a crise. A única solução é Lula tomar posicionamento sério’, avaliou. Para Lúcia, a grande preocupação resultante desse episódio é o fato de ter ficado claro a falta de poder polí­tico do presidente.

Além disso, destacou que essa é a primeira grande crise interna enfrentada por Lula desde que ele assumiu o Planalto. Lembrou que os escândalos de corrupção do primeiro mandato envolviam partidos e não setores do governo, como ocorre com a Aeronáutica. Recordou também que, durante a transição da gestão do ex-presidente Fernando Henrique para a de Lula, a maior preocupação era em relação às crises envolvendo a economia externa, que marcaram o governo anterior. ‘O que se observa é que, nessas questões, Lula se superou’, afirmou.

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