Franquia de horas, em defesa da lucratividade dos MSPs

Dia desses, numa consultoria, debatia com o diretor do MSP envolvido por que não estabelecia uma franquia de horas para seu cliente não abusar com pedidos de serviços.

A resposta foi algo condizente e racional, mas quê… refletindo posteriormente sobre ela, me deixou atônito.

Sério.

Ao início

Os MSPs têm de precificar seus serviços mensais ao cliente.

Vamos aos hábitos mais comuns:

  1. Taxa fixa. Seja o que Deus quiser, mas o cliente entende o valor que paga mensalmente.
  2. Por usuário, use quantos dispositivos usar.
  3. Por dispositivo, independentemente da quantidade de usuários que os manuseiam.
  4. Por chamado, quanto mais horrível estiver o ambiente do cliente, melhor pra nós.
  5. Por camadas estilo Gold, Silver e Shit. Obviamente, Gold paga um monte e é quase nosso dono. Shit paga pouco e tem atendimento desprezível. E é desprezado, claro.
  6. Híbrido, uma combinação de várias coisas que ninguém entende ou não sabe calcular. E ninguém se importa mesmo com isso.

Não estou incluindo na cobrança mensal projetos novos que apareçam no cliente.

Ou oportunidades de:

  • Up-sell — cliente assina plano básico, mas topa ir para um plano superior que cobra mais, mas oferece backup gerenciado, consultoria trimestral de TI e outros serviços agregados.
  • Cross-sell — serviço adicional além daquele contratado e que continuará pagando. O cliente aceita acrescentar nesse serviço mensal um gerenciamento de firewall ou backup na nuvem.

E também não incluo na cobrança mensal consultoria ocasional para isso ou praquilo.

Melhor método de precificação

O melhor mecanismo, na minha opinião, é aquele que você pega uma terra arrasada, trabalha arduamente para deixá-lo maravilhoso e reduz ao máximo a ocorrência de incidentes.

Pode ser por taxa fixa, por usuário, por dispositivo etc. Não é esse o foco. É arrumar a casa.

A partir desse esforço inicial, tudo o que vier depois de pagamento mensal é lucro.

Claro, envolve a) contratos longos (2 a 3 anos) e b) consciência do cliente de que foi seu dedo que permitiu que ele consiga trabalhar em paz na sua transportadora, hospital, supermercado etc. sem preocupar-se com os antigos problemas de tecnologia.

Mas acreditando e tendo fé nesse mundo ideal, onde está o rabo de foguete?!

As requisições

As requisições comem sua lucratividade.

Veja o que acontece no cotidiano depois que você “azeitou” o ambiente do cliente:

  • Põe mais um computador pra mim?
  • Configura a assinatura do e-mail por que temos uma campanha nova essa semana?
  • Tem como liberar, só essa semana, acesso ao site…
  • Preciso de uma impressora nova, pode instalar?
  • O funcionário “Z” foi desligado, pode desativar o acesso dele?
  • Tem como conectar meu tablet na rede da empresa?
  • Preciso de ajuda para transferir arquivos de um computador para outro…
  • Pode, por favor…

É aí que a lucratividade se desmancha.

Se você não estabelece uma franquia de horas, acaba escravizado pelo cliente e por uma mensalidade que nem vale mais a pena cobrar.

E se você reclama a) pelo excesso de requisições ou b) que o cliente ultrapassou a franquia e você pretende cobrar o excedente, o cliente afirma:

“Isso não é justo, você nos enviou um técnico lento e incompetente que consumiu toda a franquia de horas do mês num único pedido.”

Hahahaha, e agora parceiro/parceira?

SLAs

Simples (na minha visão): SLA (acordos que incluem prazo).

Se o técnico concluiu dentro do prazo previsto, o cliente não tem o direito de reclamar.

Nem pode chamar de incompetente o técnico ou sua empresa.

OK, Cohen, é duro encontrar clientes que compreendam o conceito de SLA.

Perfil Ideal de Cliente

Ah bom, daí recomendo ler o livro Profit and Growth for MSPs, Dragon Boats, Catamarans, and Superyachts de Robert Wilburn e David Wilkeson (tem um resumo legal aqui no Youtube).

Mas você precisa definir:

  • Seu modelo de negócios (que inclui método de precificação).
  • E o ICP, Ideal Customer Profile; em português Perfil Ideal de Cliente.

Mas se está desesperadamente atrás de dinheiro, é como chutar o balde e esperar o impossível do seu suporte técnico.

Paulatina ou imediatamente isso se transforma numa espiral traiçoeira:

  1. O cliente reclama muito por que o atendimento é ruim.
  2. Seu time de suporte ganha menos por que entra cada vez mais gente pra ajudar e o orçamento dele é único. Fora a rotatividade por que ali do outro lado da rua pagam R$ 200 a mais.
  3. Você se estressa e troca o software (ou põe IA, dá no mesmo) por que acredita que é a maneira mais rápida de “organizar” as coisas ou aumentar a produtividade.
  4. O cliente que gerou essa confusão vai embora.
  5. Sua empresa corre atrás de outro cliente que, novamente, não se enquadra dentro do seu ICP (aliás, você nem fez isso, hahaha).
  6. Entramos num loop. Volte ao tópico 1 acima.

É a vida, amigo/amiga

Vai precisar ter foco.

E lidar com a frustração de deixar passar um baita negócio por que o cliente não se encaixava no seu ICP (kkk, Cohen falando complicado é um horror).

Dessa vez não tenho lembrete.

O curso que inicia hoje — Gestão de Serviços para Help Desk e Service Desk — está com lotação máxima. Wowwwww!!!

E o evento de outubro (outubro!!!) — www.4hd.com.br/calendario — já tem 1/3 ocupado.

Nos vemos.

EL CO

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