Bruxas champanheiras e Montaigne

Uma reflexão sobre a desabalada busca de educação técnica no universo de TI

Ontem foi a noite em que as champanheiras, uma hoste de loiras psicólogas, colegas de minha esposa, se reúnem na minha casa para jantar e derramar “cobras e lagartos” sobre as mazelas da vida (em especial, das “mazelas personificadas” das quais pouco simpatizam).

Bem… talvez algumas fossem ruivas e morenas, mas a maioria tinha melenas douradas.

Nessas noites, todo cuidado é pouco. Vou para meu quarto, tranco a porta da sala para o corredor. Tranco a porta do quarto. Fecho a porta para a sacada. Bloqueio a porta do banheiro com travesseiros.

Acendo velas elétricas. E me enfio sob as cobertas, com uma pí­fia iluminação a clarear meu livro, que não sou bobo de dormir numa noite dessas, hahaha.

Montaigne

Assim, impedido de dormir, catei um livro.

E lendo a obra As consolações da filosofia de Alain de Botton, me deparei com algumas citações de Montaigne, onde o pensador critica o saber por si só, sem a devida aplicação que o transformaria em sabedoria.

E isso me recorda aqueles que conhecem as páginas de todos os livros de ITIL, mas não suas aplicações terrenas:

É com satisfação que retomo o tema dos absurdos de nossa educação: sua finalidade não é nos tornar melhores e mais sábios e sim fazer de nós pessoas mais cultas. E este objetivo tem sido atingido. Não somos ensinados a buscar a virtude e abraçar a sabedoria: devemos aprender a derivação e a etimologia de tais palavras… Não hesitamos em perguntar: “Fulano sabe grego ou latim? Ele sabe escrever em verso e prosa? Conhece o COBIT (ops, isso é coisa do Cohen…)”

Mas a pergunta mais importante vem por último: “Ele se tornou uma pessoa melhor e mais sábia?” Devemos descobrir não quem sabe mais e sim quem sabe melhor. Nosso esforço se concentra apenas em encher a memória e não deixamos espaço para entendimento da vida e a noção do certo e errado.

Toca-me fundo o excerto do texto de Montaigne.

Quantos de nós (inclusive eu) queremos saber tudo de suporte técnico e suas metodologias, vomitamos erudição nas listas e debates, quando… Falhamos em nosso cotidiano por não empregarmos tais conceitos?

Ou algum leitor nunca perdeu arquivo por que deixou de fazer backup, apesar de conhecer de cor e salteado o rodapé da página 690 do livro ITIL Strategy da versão 3?

Tales, olha para baixo, filho

E Montaigne escarafuncha nossa ferida citando Tales de Mileto, filósofo grego, que almejava medir com precisão as dimensões da pirâmide do Egito:

Sempre nutri um certo sentimento de gratidão por uma certa moça de Mileto que, ao ver o filósofo da região… com os olhos pregados no firmamento, constantemente absorto na contemplação da abóboda celeste, o fez tropeçar para alertá-lo de que lhe sobraria tempo suficiente para ocupar sua mente com coisas além das nuvens, desde que ele atentasse para o que acontecia debaixo de seu nariz… Pode-se igualmente censurar a todos aqueles que vivem voltados para a filosofia: eles se esquecem de olhar onde pisam.

Following

Essa semana promovi (ou participei?) de um debate espicaçado sobre certificações na lista itsm_br. Meu “brimo” Mansur, Clebert Duarte Mattos (Top Gun da Pink Elephant no Brasil) e outros colegas se engajaram na peleia.

Ninguém mudou de opinião. E para convencer meus antagonistas, arvorei-me em argumentos pouco plausí­veis (no que fui muito bem acompanhado pelos demais, hahaha). Foi como se espalhássemos banners pelos tapumes da cidade. E o próximo, colava seu banner sobre o do outro e assim alternadamente.

Pense

Fica meu pedido de reflexão para o final de semana: onde você usa tuuuuuuuuuuuuudo isso que aprendeu?

Se encontra dificuldades ou prefere um debate em grupo para validar suas ideias, junte-se a outros colegas nos dias 15, 16 e 17 de junho durante nosso curso de gestão de suporte técnico. Voilà, apareceu o merchandising no final do texto:

www.4hd.com.br/calendario

Mas se você não puder ir ao nosso curso, not so bad. Faça esse exercí­cio pessoalmente, num cantinho de sua casa. Comece. Ainda que dure cinco minutos; a próxima sessão poderá ser dez e assim por diante.

Abraços

😉

EL Cohen

1 comentário em “Bruxas champanheiras e Montaigne”

  1. Cohen, tudo bem,
    Até parei de assistir ao ‘INSENSATO CORAÇÃO’ e parti para a INSENSATA DISCUSSÃO!!! hahahaha… tá legal..
    Manda esse cara conhecer o MEFOS!! 🙂
    No HDI te conto quem é!! A voce e a todo mundo que for na Palestra:
    “Esqueça os Frameworks!”
    hehe…MERCHAN!!!!

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