Das coisas que um gerente deve fazer…

O último livro do Henry Mintzberg é muito bom.

Ainda não cheguei ao seu final, mas com o tí­tulo de simplesmente “Managing” (e graças a deus, não fizeram uma tradução ordinária), a obra é esclarecedora.

Eu compartilho algumas visões dele.

Uma delas é a crí­tica sobre os modismos e costumes do seu ramo.

Há algum tempo ele lançou um livro denominado “MBA não, obrigado” (do inglês “not another MBA”).  Nesse livro, tinha um massacre avassalador sobre a formação de gerentes e sugestões de um novo tipo de educação.

Retornando à recente obra, Managing. Logo na introdução, ele dispara petardos justamente contra o sujeito que está na capa (leia bem o destaque no topo da capa: “Talvez o mais importante pensador da administração – Tom Peters!).

Voilà, o cara é foda dureza mesmo.

Esplêndidos parágrafos

Leia dois parágrafos que constam no livro:

Se você quiser se tornar famoso no mundo da gestão, um dos “gurus”, basta se concentrar em um aspecto da gestão e ignorar todos os outros. Henri Fayol via a gestão como controle, enquanto Tom Peters a vê como ação: “- Não pense, faça” é a minha frase favorita. Michael Porter, por sua vez, dizia que a gestão era o mesmo que pensamento, mais especificamente, análise: “- Sou a favor de um conjunto de técnicas analí­ticas para o desenvolvimento da estratégia”, escreveu Porter na revista inglesa The Economist. Outros, como Warren Bennis, construí­ram suas reputações entre gerentes ao descrever o trabalho como o de liderança, enquanto Herbert Simon construiu a sua entre acadêmicos ao descrevê-lo como o de tomada de decisões.

Todos estão errados por que todos estão certos: a gestão não é apenas uma dessas coisas, mas todas elas: é o controle, a ação, os negócios, o pensamento, a liderança, a decisão e muito mais, não somados, mas misturados.

O que este famoso pensador no ramo de gestão deseja transmitir com o texto acima é o seguinte:

Não é possí­vel ter sucesso seguindo a linha de um guru, pois ela geralmente enfoca um dos sentidos da gerência, desapegando-se dos outros contextos.

Não basta seguir exclusivamente a linha de Porter e fazer com que o gerente seja um pensador.

Por que ele precisará controlar as coisas (yeah, ter uma porrada de indicadores de performance para ver como as coisas vão. E se realmente vão).

E nem escapará de meter a mão na massa, ajudando, empurrando e insuflando a galera para fazer acontecer. Ou até mesmo indo pra linha de frente, identificar qual o “babado” que tranca tudo; comprar sanduí­che e Pepsi Twist Light pra turma de quarentena e até passando o final-de-semana com a gurizada no suporte técnico para atender um projeto especial.

O livro é bom à beça, por que desmistifica uma série de entendimentos sobre o ato da gerência. Já vai detonando meu guru preferido, o Peter Drucker. Cita que este entrevistou vários gestores, mas não acompanhou-os no dia-a-dia para ver como é lamentável descontinuada a administração de seu tempo.

Vou registrar aqui mais alguns parágrafos muito bons:

Desde que Frederick Taylor (1916) chamou seu método de estudos do trabalho “a melhor maneira”, estamos buscando, na ciência e no profissionalismo, o Cálice Sagrado da Gestão. Hoje, a ideia sobrevive nas fórmulas fáceis de quase toda a literatura popular, como em textos sobre “planejamento estratégico”, “valor para o acionista” e assim por diante. Mas, repetidamente, as respostas fáceis sempre falham, dando a ilusão de progresso enquanto os problemas verdadeiros continuam.

Na gestão os dois se contradizem demais, exigindo que os gerentes vivam um mito – o folclore do planejamento, organização e assim por diante, em comparação com os fatos do dia a dia da gestão. Assim, se queremos avançar significativamente no projeto de melhorar a prática da gestão, precisamos alinhar a realidade escondida com a imagem explí­cita.

A internet não está causando mudanças fundamentais na prática de gestão, está apenas reforçando caracterí­sticas que estão presentes há épocas. A Internet pode estar levando boa parte da prática da gestão além dos limites, tornando-a tão frenética a ponto de ser disfuncional: superficial demais, desconexa demais, conformista de mais.

Well, estou na página 111. Ainda tenho um bom volume pela frente.

See you.

Abraços,

Cohen

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