ITIL e Charlie Chaplin – um revival?

Dizem os estudiosos que a história se repete em ciclos de anos.

Não sei. Até por que não sou estudioso dela, mas…

Pelos idos de 1920 Chaplin lutava contra a desumanização das pessoas. Afrontava o mecanicismo, o fordismo, o taylorismo e todas as teorias que buscavam uma otimização do trabalho, transformando os seres humanos em semi-robôs.

Surgiram tarefas monótonas, aborrecedoras, quase mecânicas.

Estou devorando um livro e já na página 88. Tí­tulo: “A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo“. A capa está aí­ ao lado.

Então, se você é um supervisor de Help Desk ou Service Desk precisa ser mais do que uma engrenagem no seu processo.

Precisa pensar.

Precisa evoluir (isso qualquer indiví­duo necessita, mas você também!).

O livro nos apresenta uma versão do que é a nossa sociedade hoje em dia. Vou recuperar apenas um excerto para retornar à divagação que encabeça esse artigo:

… Esses males de Williow Run continuavam a basear-se na lógica taylorista do “tempo métrico”. O tempo era minuciosamente calculado em toda parte na vasta fábrica, para que os altos administradores soubessem com precisão o que todos deveriam estar fazendo num dado momento.

Aterrisando em nosso campinho:

Acompanho implementações de ITIL onde o primeiro ní­vel de suporte tem até 4 minutos para resolver o incidente. Mais: ele deve única e exclusivamente firmar-se no que existe na base de conhecimento. Nada de diagnosticar. Nem pensar!

Se não encontra a resposta, direciona para um outro ní­vel que então usa controle remoto sobre a estação do usuário, analisa a paisagem e obtém mais dados para a solução do incidente, chamado, problema, ticket-trouble, ordem de serviço, ligação, etc, como quiserem denominar.

Na boa, não seria exatamente isso que gera esse famigerado turn-over em nossos departamentos de suporte? Dizem que solução para ele é exatamente melhorar processos, “azeitar a máquina“, tornando o indiví­duo quase… a própria máquina!

Daí­ que imagino isso como um cí­rculo vicioso que se retro-alimenta e me vem imediatamente à mente imagens de um filme.

Veja se isso não é o seu primeiro ní­vel de suporte, totalmente aderente ao ITIL:

Ao menos temos consciência que é isto que acontece?

Há um debate sociológico bem antigo entre os conceitos de Diderot e Adam Smith. Quem se interessar em comparar a questão de repetição de tarefas (uma traz benefí­cios, outra malefí­cios, segundo os dois autores) leia o livro indicado.

Também não estou dizendo “isso é bom, isso é mau”. Sou empresário. Sobrevivo neste meio capitalista. E ele está aí­, queiramos ou não. Mas também posso saber os movimentos que ocorrem, ao invés de ser apenas mais um peixe no cardume.

E mais: como você vai exigir que alguém do primeiro ní­vel esteja motivado para o trabalho, que chegue no horário, que se comporte bem, etc se ele “passa o dia inteiro rosqueando parafusos“?

Vamos pensar juntos nalguma conferência do 4HDConference. Que tal?

Abraços,

El Cohen

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